Soneto ao Estilo Neo-clássico

Em verde indiferença me pressinto
em prados onde outrora fui rainha.
A grinalda de flores que me vinha
a cabeça adornar, já não a sinto.

Em pálidas areias me reclino
de ilhas onde aportei. Mas se advinha
do mar a voz em versos de marinha
e em conchas de segredo cristalino.

Pastora de lembranças, me sustenta
o hálito da brisa vespertina.
Na asa da borboleta, a face lenta

da larva onde dormiu, não se divisa.
Nem a enxurrada se percebe ainda
na lágrima tangida pela brisa.

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