Elegia a Sérgio Campos

"O pássaro morto é seu vôo pousado na morte"
(Sérgio Campos)

A poesia soltava as amarras, aportava
na sala. Viesse de Nova Friburgo,
da Ilha do Governador. Desafiava
a ira dos dias, reacendia
o itinerário das cinzas, viajeira
de um mar anterior.

E chegavam praias, ilhas,
seixos, harpas, naves,
mares absolutos e abismos
de significados de ardilosa chave.

E vinham mitos navegando lendas,
ancorando nos páramos da página,

Ninfas e faunos farfalhando outonos
na exatidão dos sons.

Memória de Sérgio
no ouro dos versos
nos teares de prata, onde tramava
dos heróis epicédio e hospedaria.

Memória de Sérgio
nas rotas de sal
no avesso das palavras à deriva
no punho do poeta feito areia.

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