A Teia de Penélope

Penélope tecendo e destecendo a trama,
Num trabalho incessante, improfícuo e exaustivo
Simboliza este amor fatal que nos inflama
A cuja ação ela há de viver, como eu vivo.

Ao seu lado fui sempre inexprimido e esquivo,
Entretanto hoje, ausente, em mim tudo a reclama
E ela que me foi sempre um vulto fugitivo,
Há de, a esta hora, sentir que sua alma me chama.

Ah! capricho cruel, como dói teu efeito
Que me isola inda mais na minha soledade
E um deserto sem fim vem semear no meu peito.

Agora, busco-a em vão na maior ansiedade;
Desgraçado que eu sou, pois nem sinto o direito
De invocá-la através desta amarga saudade.

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