Minha Rua

Espio da janela a minha rua
em seu sono de lâmpadas elétricas.
(Na pausa repentina do silêncio,
passos notivagueiam pelo asfalto.)

A quietação fermenta o melancólico
pensamento das coisas esquecidas,
e entre as folhas das árvores o tempo
deixa escorrer de leve a sua areia.

Outra vez a olharei. E quando olhar
esta rua a alongar-se pela noite,
talvez não pense nada, apenas veja

as árvores, as lâmpadas — e as casas
brancas e emudecidas como túmulos
e, como túmulos, com o seu mistério.

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