Charles Bukowski
poeta, contista e romancista estadunidense
1920-08-16 Andernach
1994-03-09 San Pedro
309005
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A Morte Sentou No Meu Colo E Rachou de Rir
eu estava escrevendo três contos por semana
e os enviando à Atlantic Monthly
todos voltavam.
meu dinheiro era para selos e envelopes
e papel e vinho
e fiquei tão magro que eu costumava
chupar minhas bochechas
para dentro
e elas se tocavam por cima da minha
língua (foi então que pensei sobre a
Fome de Hamsun – na qual ele comia sua própria
carne; uma vez experimentei morder meu pulso
mas era muito salgado).
de todo modo, certa noite em Miami Beach (não
faço a menor ideia do que é que eu estava fazendo naquela
cidade) eu não comia fazia 60 horas
e peguei meus últimos centavos
famintos
fui até a venda da esquina e
comprei um pão.
meu plano era mastigar cada fatia lentamente –
como se cada uma fosse uma fatia de peru
ou um suculento
bife
e voltei para o meu quarto e
abri o embrulho e as
fatias de pão estavam verdes
e bolorentas.
nada de festa para mim.
eu simplesmente larguei o pão no
chão
e me sentei naquela cama refletindo sobre
o bolor verde, a
decadência.
meu dinheiro de aluguel já estava gasto e
eu escutava todos os sons
de todas as pessoas naquela
pensão
e no chão estavam
as dezenas de contos com as
dezenas de cartas de rejeição da
Atlantic Monthly.
era cedo da noite e eu
desliguei a luz e
fui me deitar e
não demorou até que eu
escutasse os camundongos saindo,
pude ouvi-los rastejando sobre os meus
contos imortais e
comendo o
pão verde bolorento.
e de manhã
quando acordei
vi que
tudo que restava do
pão
era o bolor
verde.
eles haviam comido até o
limite do bolor
deixando
nacos
em meio aos contos e às
cartas de rejeição
enquanto eu ouvia o som do
aspirador de pó da minha
senhoria
batendo ao longo do
corredor
lentamente se aproximando da minha
porta.
e os enviando à Atlantic Monthly
todos voltavam.
meu dinheiro era para selos e envelopes
e papel e vinho
e fiquei tão magro que eu costumava
chupar minhas bochechas
para dentro
e elas se tocavam por cima da minha
língua (foi então que pensei sobre a
Fome de Hamsun – na qual ele comia sua própria
carne; uma vez experimentei morder meu pulso
mas era muito salgado).
de todo modo, certa noite em Miami Beach (não
faço a menor ideia do que é que eu estava fazendo naquela
cidade) eu não comia fazia 60 horas
e peguei meus últimos centavos
famintos
fui até a venda da esquina e
comprei um pão.
meu plano era mastigar cada fatia lentamente –
como se cada uma fosse uma fatia de peru
ou um suculento
bife
e voltei para o meu quarto e
abri o embrulho e as
fatias de pão estavam verdes
e bolorentas.
nada de festa para mim.
eu simplesmente larguei o pão no
chão
e me sentei naquela cama refletindo sobre
o bolor verde, a
decadência.
meu dinheiro de aluguel já estava gasto e
eu escutava todos os sons
de todas as pessoas naquela
pensão
e no chão estavam
as dezenas de contos com as
dezenas de cartas de rejeição da
Atlantic Monthly.
era cedo da noite e eu
desliguei a luz e
fui me deitar e
não demorou até que eu
escutasse os camundongos saindo,
pude ouvi-los rastejando sobre os meus
contos imortais e
comendo o
pão verde bolorento.
e de manhã
quando acordei
vi que
tudo que restava do
pão
era o bolor
verde.
eles haviam comido até o
limite do bolor
deixando
nacos
em meio aos contos e às
cartas de rejeição
enquanto eu ouvia o som do
aspirador de pó da minha
senhoria
batendo ao longo do
corredor
lentamente se aproximando da minha
porta.
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