Renato Rezende

Renato Rezende

1964-04-08 São Paulo
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[Flores]

Só nos libertamos à medida que não somos esmagados.

Desde que morri, não tenho vontade de fazer nada.

Que eu saiba, não há nenhum caso na família.

Não tenho que ser: Sou.

Fui longe demais para voltar.

Se você espera, você espera para sempre.

É preciso estar presente, mas não apegado.

É preciso que a linguagem não agarre.

Vou repetindo: espaço, espaço chamado sala, espaço chamado quarto, objeto no espaço chamado cama, objeto no espaço chamado cortina, objeto sobre objeto no espaço chamado livro, livro sobre mesa que esta mão (minha) levanta...

Há em mim uma zona de cegueira, de cansaço, de descaso.

minha mão—minha—meu, mão

eu sou eu mesmo sem minha mão?

Deve ser muito doido ser gente.

Tem gente que demora muito para nascer.

Já é hora de me tornar quem realmente sou.

Dei de dormir com a luz acesa.
Assim, enquanto durmo, minha mente parece acesa.
É minha a luz acesa.

Desconfio que seja.

Eu sou você?

Preencher completamente a minha forma—viver ao máximo.

Melhor perder todos os medos.

A poesia está além do dia.

O homem não nasce, passa a vida nascendo.

Há flores que desabrocham no outono, no inverno.

Palavras dão corpo.
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