Vasco Graça Moura

Vasco Graça Moura

Vasco Navarro da Graça Moura foi um escritor, tradutor e político português.

1942-01-03 Porto, Portugal
2014-04-27 Lisboa
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1
23


Alguns Poemas

Praias

1
na praia lá do guincho as velas
de windsurf saltam sobre as ondas
e o meu olhar, equestre,
pula nos peitos das banhistas, enquanto
um cachorro tenta agarrar a cauda.

nos feriados tudo é insuportável
menos o sol e o mar
apesar das famílias.
e sustendo as gaivotas na mais alta
imaginação, porque hoje não vi nenhuma,

o vento traz de tudo
e antónio nobre e lorca às pandas roupas
que modelam os corpos em míticas figuras
com o seu drapejado esvoaçante,
entre dunas e lixo e vendedores de gelados.

restaria o campo, mas
«no campo não há bicas nem paperbacks»
diz uma amiga minha e tem razão.
que seria de nós, bucólicos, sem esses indicadores da alma? dou

lume a uma italiana e enquanto
ela agradece ocorre-me que despi-la já não é
cosa mentale; faz-me lembrar o algarve, mas no verão
o algarve é a continuação
da política por outros meios. antes
a nortada, os surfistas,
na crista da onda, a areia que entra no poema,
e o regresso mais cedo, quando já não se
aguenta.

2
agora que passaste muito queimada do sol
o vento vem pela estrada até à duna
com uma folha de jornal desdobrada
aos baldões e as vozes dos piqueniques.

tu desceste da moto e foste
comprar um gelado, afastando impaciente
algumas crianças. era a impostura
para a sede, avivada pelos guarda-sóis

de cor berrante. nas rochas havia
alguns pares esfregando-se
mais ou menos à vista. penduraste
os óculos de sol no decote da blusa

e o gelado avançou para os teus dentes muito brancos.
tudo isto dava uma fotografia
com o teu peito em grande plano
e a cena reflectida nos óculos escuros.
Escritor, poeta e tradutor português, natural do Porto. Licenciado em Direito, actividade que chegou a exercer, foi secretário de estado da Segurança Social do IV Governo Provisório e secretário de estado dos Retornados do VI Governo Provisório. Nomeado director de programas da RTP, em 1978, nesse mesmo ano passou à Imprensa Nacional-Casa da Moeda, cuja área editorial administrou até 1988. Entre 1988 e 1995 foi presidente da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. É autor de obras de ensaio, poesia, romance, e ainda de traduções. Paralelamente, tem desenvolvido uma ampla intervenção pública como comentador e analista político. A sua obra iniciou-se em 1963, com o título Modo Mudando, a que se seguiram O Mês de Dezembro (1977), Instrumentos para a Melancolia (1980), A Variação dos Semestres deste Ano; 365 Versos (1981), Nó Cego, o regresso (1982), Os Rostos Comunicantes (1984), A Sombra das Figuras (1985), A Furiosa Paixão pelo Tangível (1987), O Concerto Campestre (1993), Sonetos Familiares (1994), Poemas Escolhidos 1963-1995 (1996), Poemas com Pessoas (1997), Uma Carta no Inverno (1997, prémio de Poesia APE/CTT de 1997) e Retrato de Francisca Matroco e Outros Poemas (1998). Entre os seus ensaios encontram-se David Mourão-Ferreira ou a Mestria de Eros (1978), Camões e a Divina Proporção (1985), Os Penhascos e a Serpente e Outros Ensaios Camonianos (1987), Várias Vozes (1987), Retrato de Isabel e Outras Tentativas (1994) e Contra Bernardo Soares e Outras Observações (1999). Na sua vasta obra encontramos igualmente obras de ficção, entre as quais Quatro Últimas Canções (1987), Naufrágio de Sepúlveda (1988), Partida de Sofonista às Seis e Doze da Manhã (1993) e A Morte de Ninguém (1998). Vasco Graça Moura escreveu ainda uma peça de teatro (Ronda dos Meninos Expostos, 1987), um diário (As Circunstâncias Vividas, 1995) e as crónicas de Papéis de Jornal (1995). Distinguindo-se publicamente como tradutor, amplamente consagrado, as suas traduções da Vita Nuova e da Divina Comédia de Dante (1995) mereceram-lhe a atribuição do Prémio Pessoa, em 1995. Em 2000, publica Poesia 1997-2000, seguido do romance Meu Amor, era de Noite (2001)
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bessinha
VASCO GRAÇA MOURA****
10/maio/2021
bessinha
vocês não levam isto a serio... cultura portuguesa, respeitem o camilo castelo branco
10/maio/2021
Jpila
ála a uta da boca chavalo
14/abril/2021
20comer100saberes
esse cavalheiro fodeu-me ...na poesia, digo na poesia mas concretamente na poesia...tantas saudades
20/janeiro/2021
nenhum
é giro
22/maio/2020
Nuno
Ao tempo que já n te vejo desde Timor um dia destes anda lá a casa mpt
12/março/2020
Mafalda
Adorei a companhia deste senhor, noites mágicas, muito atencioso, um verdadeiro cavalheiro, bem dotado
12/março/2020

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