Alberto de Oliveira

Alberto de Oliveira

Antônio Mariano de Oliveira, mais conhecido pelo pseudônimo Alberto de Oliveira, foi um poeta, professor e farmacêutico brasileiro. Figura como líder do Parnasianismo brasileiro, na famosa tríade Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac.

1857-04-28 Palmital de Saquarema, Rio de Janeiro, Brasil
1937-01-19 Niterói, Rio de Janeiro, Brasil
175595
3
1702


Prémios e Movimentos

Parnasianismo

Alguns Poemas

Aspiração

Ser palmeira! existir num píncaro azulado,
Vendo as nuvens mais perto e as estrelas em bando;
Dar ao sopro do mar o seio perfumado,
Ora os leques abrindo, ora os leques fechando;

Só de meu cimo, só de meu trono, os rumores
Do dia ouvir, nascendo o primeiro arrebol,
E no azul dialogar com o espírito das flores,
Que invisível ascende e vai falar ao sol;

Sentir romper do vale e a meus pés, rumorosa,
Dilatar-se e cantar a alma sonora e quente
Das árvores, que em flor abre a manhã cheirosa
Dos rios, onde luz todo o esplendor do Oriente;

E juntando a essa voz o glorioso murmúrio
De minha fronde e abrindo ao largo espaço os véus,
Ir com ela através do horizonte purpúreo
E penetrar nos céus;

Ser palmeira, depois de homem ter sido! est'alma
Que vibra em mim, sentir que novamente vibra,
E eu a espalmo a tremer nas folhas, palma a palma,
E a distendo, a subir num caule, fibra a fibra;

E à noite, enquanto o luar sobre os meus leques treme,
E estranho sentimento, ou pena ou mágoa ou dó,
Tudo tem e, na sombra, ora ou soluça ou geme,
E, como um pavilhão, velo lá em cima eu só;

Que bom dizer então bem alto ao firmamento
O que outrora jamais — homem — dizer não pude,
Da menor sensação ao máximo tormento
Quanto passa através minha existência rude!

E, esfolhando-me ao vento, indômita e selvagem,
Quando aos arrancos vem bufando o temporal,
— Poeta — bramir então à noturna bafagem
Meu canto triunfal!

E isto que aqui não digo então dizer: que te amo,
Mãe natureza! mas de modo tal que o entendas,
Como entendes a voz do pássaro no ramo
E o eco que têm no oceano as borrascas tremendas;

E pedir que, ou no sol, a cuja luz referves,
Ou no verme do chão ou na flor que sorri,
Mais tarde, em qualquer tempo, a minh'alma conserves,
Para que eternamente eu me lembre de ti!

..........................................


Publicado no livro Versos e rimas: primeira parte (1895).

In: Poesias completas. Ed. crít. Marco Aurélio Mello Reis. Rio de Janeiro: Núcleo Ed. da UERJ, 1978. v.1. (Fluminense

Velha Fazenda - III

— "... Vi um por um, oh! provação tremenda!
Nunca me há de esquecer aquele dia!
Debandar os escravos da fazenda.

A esta, em idos tempos de alegria,
Chamara, porque as tinha, de "Esperança",
"Desengano" melhor lhe chamaria.

Ah! dor nenhuma, como a da lembrança
Da ventura que foi, na desventura
Ferir mais fundo o coração alcança!

Tanta grandeza há pouco! e eis que da altura
Do meu sonho resvalo e me subverto
Chão adentro em rasgada sepultura!

Ergo-me, tonto ainda, olho — o deserto!
Falo — silêncio! movo os braços — nada!
Somente a solidão ao peito aperto.

Minha "Esperança" desesperançada!
Com que ouvidos te ouvi então o rouco
Arrastado mugido da boiada!

Pus-me a chorar, como criança ou louco,
(Esta fraqueza, amigo, não te encubro)
Pus-me a chorar. Naquele mês, em pouco,

A flor do cafezal, filha de Outubro,
Reclamando a colheita, a rir-se agora,
Já mudada se achava em fruto rubro.

Naquele mês a várzea se melhora
Com a estação mais regrada e água da serra;
Ao sol pompeando, todo caule enflora;

Viça o vesco faval, com o humor que encerra;
Os grãos amojam nas espigas de ouro;
Racha com as grossas túberas a terra.

Mas com que mãos colher tanto tesouro?
As mãos Maio as levou, levando o escravo,
Maio agora tornado sestro agouro.

Meu mal, assim pensando, aflito agravo;
Nas terras, nas lavouras em abandono
Em desesperação os olhos cravo.

Depois, a pouco e pouco, um meio sono
Me vem. Olho estas cousas com fastio,
E deixo-as ir, como se vai sem dono

Barco largado na tensão do rio."


Publicado no livro Poesias, 1904/1911: terceira série (1913). Poema integrante da série Natália.

In: OLIVEIRA, Alberto de. Poesias completas. Ed. crít. Marco Aurélio Mello Reis. Rio de Janeiro: Núcleo Ed. da UERJ, 1978. v.2. (Fluminense
Alberto de Oliveira (Palmital de Saquarema [Saquarema] RJ, 1857 - Niterói RJ, 1937) publicou seu primeiro livro de poesia, Canções Românticas, em 1878. Na época, trabalhava como colaborador do Diário, com verso e prosa, sob o pseudônimo Atta Troll. Em 1883 conheceu Olavo Bilac e Raimundo Correia, com os quais formaria a tríade do Parnasianismo brasileiro. Formou-se em Farmácia, no Rio, em 1884. Iniciou o curso de Medicina, mas não chegou a conclui-lo. Na época, publicou Meridionais (1884), e em seguida Sonetos e Poemas (1886) e Versos e Rimas (1895). Foi inspetor e diretor da Instrução Pública Estadual e Professor de Português e História Literária no Colégio Pio-Americano. Em 1897 tornou-se membro-fundador da Academia Brasileira de Letras. Publicou Lira Acaciana (1900), Poesias (1905), Ramo de Árvore (1922), entre outras obras poéticas. Foi eleito "Príncipe dos Poetas Brasileiros", em 1924, por concurso da revista Fon-Fon. Em 1978 foram publicadas suas Poesias Completas. Alberto de Oliveira é um dos maiores nomes da poesia parnasiana no Brasil.
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