Bruno de Menezes

Bruno de Menezes

Bento Bruno de Menezes Costa ou simplesmente Bruno de Menezes, foi um escritor brasileiro. Ele nasceu no bairro do Jurunas, em Belém do Pará. Filho de Dionísio Cavalcante de Menezes e Balbina Maria da Conceição Menezes.

1893-03-21 Belém PA
1963-07-02 Manaus, Brasil
50457
0
30


Alguns Poemas

Batuque

(1) — "Nêga qui tu tem?
— Maribondo Sinhá!
— Nêga qui tu tem?
— Maribondo Sinhá!"

CANTIGA DE BATUQUE — (Motivo)

RUFA o batuque na cadência alucinante
— do jongo do samba na onda que banza.
Desnalgamentos bamboleios sapateios, cirandeios,
cabindas cantando lundus das cubatas.

Patichouli cipó-catinga priprioca,
baunilha pau-rosa orisa jasmin.
Gaforinhas riscadas abertas ao meio,
crioulas mulatas gente pixaim...

(1) — "Nêga qui tu tem?
— Maribondo Sinhá!
— Nêga qui tu tem?
— Maribondo Sinhá!"

Sudorancias bunduns mesclam-se intoxicantes
no fartum dos suarentos corpos lisos lustrosos.
Ventres empinam-se no arrojo da umbigada,
as palmas batem o compasso da toada.

(2) — "Eu tava na minha roça
maribondo me mordeu!..."

Ó princesa Izabel! Patrocínio! Nabuco!
Visconde do Rio Branco!
Euzébio de Queiroz!

E o batuque batendo e a cantiga cantando
lembram na noite morna a tragédia da raça!

Mãe Preta deu sangue branco a muito "Sinhô moço"...

(3) — "Maribondo no meu corpo!
— Maribondo Sinhá!

Roupas de renda a lua lava no terreiro,
um cheiro forte de resinas mandingueiras
vem da floresta e entra nos corpos em requebros.

— "Nêga qui tu tem
(1) — Maribondo Sinhá!
— Maribondo num dêxa
— Nêga trabalhá!..."

E rola e ronda e ginga e tomba e funga e samba,
a onda que afunda na cadência sensual.
O batuque rebate rufando banzeiros,
as carnes retremem na dança carnal!...

— "Maribondo no meu corpo!
(3) — Maribondo Sinhá!"
— É por cima é por baxo!
— E por todo lugá!"


Publicado no livro Batuque: poemas (1939).

In: MENEZES, Bruno de. Obras completas. Belém: Secretaria de Estado da Cultura, 1993. v.1, p.215-216. (Lendo o Pará, 14)

NOTA: Para este poema foram criados motivos musicais pelo compositor paraense Gentil Puge

Romantismo de um Poema Proletário

Não fosse a alma romântica de nossa raça,
doentia evocação ou uma simples lembrança,
eu não estaria dando vida a estas líricas palavras,
para rever agora a tua imagem sucumbida.

À maneira dos Poetas tísicos e melancólicos,
das Marílias, que aos seus amores
ofereciam violetas e madeixas,
nós repetimos a velha e sempre nova comédia...

E é por isso, que do teu antigo retrato,
onde estás exuberante e sadia,
sorrindo com os teus lábios de polpa sumarosa,
(como se não dormisses à luz dos vagalumes)
se evola para mim o mesmo sândalo de tua carne,
que era rija e colorida como a dos frutos sazonados.

É por isso, que a mecha dos teus cabelos,
negros e capitosos como sabias trazê-los,
e que deixaste como prova de tua faceirice,
parece ainda agitar-se na tua cabeça de Lindóia,
e se encrespa, como um punhado de treva,
entre os meus dedos paralisados.

Talvez seja por isso...
Ou porque não foste a terra inteiramente conquistada,
que os homens espreitavam gulosos e alucinados...

Ou porque, a tua rústica mocidade,
cheirando ao mato e ao rio,
que te viram nua, na tua infância roceira
fizeram de ti uma força jovem;
e como os braços de tantas irmãs-proletárias,
afeitos a lidar com maquinismos e teares,
também terminaste nos necrológios sem leitores...


Publicado no livro Lua Sonâmbula: poemas (1953). Poema integrante da série Poemas a Ismael Nery.

In: MENEZES, Bruno de. Obras completas. Belém: Secretaria de Estado da Cultura, 1993. v.1, p.339-340. (Lendo o Pará, 14

Marujada

Fragatas, marujos pintados de entrudo,
gageiro subindo no mastro de proa,
piloto crioulo cantando a manobra
na cadência da onda, ao rumor da mareta.

É um brigue lendário... A "Nau Catarineta"...
Um cruzador do Império...

— "Seu imediato!
— Pronto seu comandante!
— Mande suspendê ferro que são
hora da partida!..."

E as fragatas em coro tatuadas gingando...
suspendem o ferro mesmo sustêm a força da amarra.

(1) "Alerta marinhêro
vâmo o terro levantá
as hora não chegada
do "Tupi" si arritirá".

E o rufo batuca na lufa-lufa a vela estrebucha ao vento
[que bufa...

Navio pirata... Veleiro corsário em mar alto...
Barca onde só vem mestiço.

Regamboleios de fragatas no arrastão da marujada
meia-lua em ronda longa escorregando no convés.

Pintados de entrudo! Oficiais e a marinhagem!
Revolta tumulto a bordo... O imediato posto a ferros...

Os trovões os relâmpagos o vento,
o mar brabo e a invocação à Virgem Mãe dos Navegantes:

(2) "Sinhor do Mar
Rainha das Ondas
livrai-nos da morte
nas ondas do mar...

É a cerração... Vida de bordo numa sala
que palpita de emoção e a maresia faz tremer.

A embarcação joga sem rumo...

Pintados de entrudo!

Rodelas de carmim... brancuras de alvaiade...

O comandante de espadim dragonas gorro e apito
... tinha a melhor fragata!

Mas na hora em que na adriça,
cessada a tempestade,
a bandeira subia garbosa no mastro,
eles pensavam que era certo e davam vivas ao Brasil!


Publicado no livro Batuque: poemas (1939).

In: MENEZES, Bruno de. Obras completas. Belém: Secretaria de Estado da Cultura, 1993. v.1, p.229-230. (Lendo o Pará, 14
Bruno de Menezes (Belém PA, 1893 - Manaus AM, 1963) publicou em 1920 seu primeiro livro de poesia, Crucifixo, em Belém PA. Na época, já era membro da Academia dos Poetas Paraenses. Em 1923 fundou a revista literária Belém Nova, responsável pela divulgação da poesia modernista após a década de 20. Publicou, no ano seguinte, Bailado Lunar; seguiram-se Poesia (1931), Batuque (1939), Lua Sonâmbula (1953), Poema para Fortaleza (1957) e Onze Sonetos (1960). Nos anos seguintes escreveu peças teatrais juninas para o grupo Pirapema e, em 1950, publicou a novela Maria. Em 1954 tornou-se membro do Instituto Histórico e Geográfico do Pará e da Comissão Paraense de Folclore e lançou o romance Candunga, com o qual ganhou o Prêmio Estado do Pará. Foi presidente da Academia Paraense de Letras entre 1956 e 1957. Publicou diversos livros sobre folclore, em 1958 e 1959, entre os quais Boi Bumbá e Auto Popular. Bruno de Menezes pertence à segunda geração do modernismo brasileiro. Segundo o crítico Dante Costa, ele realizou em sua obra uma transposição “das vivências do negro no Brasil, do fato folclórico, da realidade que não interessa apenas ao crítico literário, mas também e principalmente ao sociólogo, ao estudioso dos hábitos e costumes, ao etnógrafo do negro brasileiro".
Belém da Memória: Escritor Bruno de Menezes
TU CONHECES Bruno de Menezes
Batuque - Bruno de Menezes
Bruno de Menezes (1): breves considerações
Bruno de Menezes é Orgulho de Ser do Pará
Jornal Cultura - Batuque Bruno de Menezes
Abandono da praça Bruno de Menezes
Campanário TV: Concerto com o tenor Bruno de Menezes Ribeiro
ARTUR MENEZES | BEM POR AÍ (FOLLING AROUND)
Rosa Pardini - CHORINHO - Waldemar Henrique e Bruno de Menezes - arranjo do Maestro Erlon Chaves
liamba, música sobre poema de Bruno de Menezes
Bruno de Moura Froes de Menezes www.golmaisgol.com.br LINENSE
Mãe Preta - Bruno de Menezes
Xodó da Nega samba 2017/2018 (Bruno de Menezes)
Bruno de Menezes (From “Tu Conheces?”)
Consultoria Bruno de Menezes. Curso de Produção de Cogumelos shiitake em substrato.
Pai João - Bruno de Menezes
Bruno de Moura Froes de Menezes Lateral Direito www. golmaisgol. com. br
Gastão Formenti - CHORINHO - Valdemar Henrique - Bruno de Menezes - Odeon 11.496-B - 08.1937
Bruno de Menezes (2): Bate-papo com Eveline Cavalcante (sobrinha neta do poeta)
Marimbondo Sinhá de Bruno de Menezes
Cheiro de Mulata - Bruno de Menezes
Consultoria Bruno de Menezes. Shiitake em toras.
CulturAnimação - Tu Conheces? Bruno de Menezes
BRUNO DE MENEZES, BATUQUES TRANSOCEÂNICOS
Cultura Animação - Tu Conheces - Bruno de Menezes (Curtas)
Do CD Batucando com Bruno de Menezes -Curta esse ponto de parceria com o poema do poeta !
Batuque
Há um Criador - Bruno Menezes (Vídeo Oficial)
Insegurança grande na praça Bruno de Menezes
BRUNO DE MENEZES- POETA PARAENSE
Agroindústria de Produção de Polpa de Açaí. Consultoria Bruno de Menezes/ Pará - Brasil.
NTI - CSP/PA - Recital Fólclorico 2011 - BRUNO DE MENEZES - Video BIOGRAFIA
Consultoria Bruno de Menezes. Produção de cogumelos shiitake em substrato.
Curso de Produção de Cogumelos Shiitake em substrato. Consultoria Bruno de Menezes.
Um servo - Bruno Menezes (Video Oficial)
Agroindústria de Produção de Polpa de Açaí. Consultoria Bruno de Menezes (35) 984267941
Consultoria Bruno de Menezes. Produção de cogumelos shiitake em toras.
#01 | MARUJADA, de BRUNO DE MENEZES | Trabalho de Teoria do Texto Poético
Consultoria Bruno de Menezes / Produção de cogumelos comestíveis.
consultoria Bruno de Menezes. shiitake em toras. 35 984267941
Avaliação IDEB 2923 Escola Professor Bruno de Menezes
Máquina de blocos de substrato axênico de cogumelos. Consultoria Bruno de Menezes.
Hobie Cat 16 em Vitória parte 2. Bruno de Menezes e Phillipy Machado
Bruno de Menezes (3): Entrevista com Rodrigo Wanzeler, pesquisador da obra do poeta
Consultoria Bruno de Menezes/ Shiitake em toras.
Como os juízes decidem? | Prof. Me. Bruno Seligman de Menezes
Amor (Ao Vivo) | Bruno Menezes
Consultoria Bruno de Menezes / Produção de cogumelos comestíveis.
Bruno Menezes - Santo (Caixa De Quarentena)
Bruno de menezes
Um poema
28/agosto/2024
Bruno de menezes
Paraense
28/agosto/2024

Quem Gosta

Seguidores