Bruno de Menezes
Bento Bruno de Menezes Costa ou simplesmente Bruno de Menezes, foi um escritor brasileiro. Ele nasceu no bairro do Jurunas, em Belém do Pará. Filho de Dionísio Cavalcante de Menezes e Balbina Maria da Conceição Menezes.
1893-03-21 Belém PA
1963-07-02 Manaus, Brasil
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Bruxinha Baiana
(Para as minhas filhas
Marília e Lenôra)
Tenho uma bruxinha de carne de pano
que usa cabelo feito de retrós.
Parece que foi noutro tempo mucama,
porque nós fazemos
com a pobre bruxinha
o que não se faz com todo o cristão.
O mais engraçado
é que ela parece ter alma ter vida.
Seu corpo de pano
em certos instantes
tem toda a expressão dos nossos movimentos.
Por isso é que eu penso:
— ela foi mucama.
Não chora não grita não olha pra gente
se fica esquecida
num canto no chão.
Sua única roupa é um traje à baiana.
E nós ajeitamos o seu cabeção
e sua sainha de chita florida
que a Carmen Miranda
se visse a bruxinha
iria com ela também batucar.
Nem mesmo boneca sabemos chamá-la.
Não tem qualquer nome
de "estrela" de fama no céu do cinema.
É a nossa "bruxinha" sem outro apelido,
que até os meus manos
em louca peteca
às vezes transformam se querem brincar.
Andando aos boléus
aos troncos da sorte
quem sabe se a nossa bruxinha, coitada,
não é a mucama
que o fado o destino
jogaram no mundo
para andar assim?...
Publicado no livro Batuque: poemas (1939).
In: MENEZES, Bruno de. Obras completas. Belém: Secretaria de Estado da Cultura, 1993. v.1, p.263-264. (Lendo o Pará, 14
Marília e Lenôra)
Tenho uma bruxinha de carne de pano
que usa cabelo feito de retrós.
Parece que foi noutro tempo mucama,
porque nós fazemos
com a pobre bruxinha
o que não se faz com todo o cristão.
O mais engraçado
é que ela parece ter alma ter vida.
Seu corpo de pano
em certos instantes
tem toda a expressão dos nossos movimentos.
Por isso é que eu penso:
— ela foi mucama.
Não chora não grita não olha pra gente
se fica esquecida
num canto no chão.
Sua única roupa é um traje à baiana.
E nós ajeitamos o seu cabeção
e sua sainha de chita florida
que a Carmen Miranda
se visse a bruxinha
iria com ela também batucar.
Nem mesmo boneca sabemos chamá-la.
Não tem qualquer nome
de "estrela" de fama no céu do cinema.
É a nossa "bruxinha" sem outro apelido,
que até os meus manos
em louca peteca
às vezes transformam se querem brincar.
Andando aos boléus
aos troncos da sorte
quem sabe se a nossa bruxinha, coitada,
não é a mucama
que o fado o destino
jogaram no mundo
para andar assim?...
Publicado no livro Batuque: poemas (1939).
In: MENEZES, Bruno de. Obras completas. Belém: Secretaria de Estado da Cultura, 1993. v.1, p.263-264. (Lendo o Pará, 14
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