Gregório de Matos

Gregório de Matos

Gregório de Matos Guerra, alcunhado de Boca do Inferno ou Boca de Brasa, foi um advogado e poeta do Brasil colônia.

1636-12-20 Salvador, Bahia, Brasil
1696-11-26 Recife, Pernambuco, Brasil
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Prémios e Movimentos

Barroco

Alguns Poemas

Epílogos

Que falta nesta cidade?................Verdade
Que mais por sua desonra?...........Honra
Falta mais que se lhe ponha..........Vergonha.

O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
numa cidade, onde falta
Verdade, Honra, Vergonha.

Quem a pôs neste socrócio?..........Negócio
Quem causa tal perdição?.............Ambição
E o maior desta loucura?...............Usura.

Notável desventura
de um povo néscio, e sandeu,
que não sabe, que o perdeu
Negócio, Ambição, Usura.

Quais são os seus doces objetos?....Pretos
Tem outros bens mais maciços?.....Mestiços
Quais destes lhe são mais gratos?...Mulatos.

Dou ao demo os insensatos,
dou ao demo a gente asnal,
que estima por cabedal
Pretos, Mestiços, Mulatos.

Quem faz os círios mesquinhos?...Meirinhos
Quem faz as farinhas tardas?.........Guardas
Quem as tem nos aposentos?.........Sargentos.

Os círios lá vêm aos centos,
e a terra fica esfaimando,
porque os vão atravessando
Meirinhos, Guardas, Sargentos.

E que justiça a resguarda?.............Bastarda
É grátis distribuída?......................Vendida
Que tem, que a todos assusta?.......Injusta.

Valha-nos Deus, o que custa,
o que El-Rei nos dá de graça,
que anda a justiça na praça
Bastarda, Vendida, Injusta.

Que vai pela clerezia?..................Simonia
E pelos membros da Igreja?..........Inveja
Cuidei, que mais se lhe punha?.....Unha.

Sazonada caramunha!
enfim que na Santa Sé
o que se pratica, é
Simonia, Inveja, Unha.

E nos frades há manqueiras?.........Freiras
Em que ocupam os serões?............Sermões
Não se ocupam em disputas?.........Putas.

Com palavras dissolutas
me concluís na verdade,
que as lidas todas de um Frade
são Freiras, Sermões, e Putas.

O açúcar já se acabou?..................Baixou
E o dinheiro se extinguiu?.............Subiu
Logo já convalesceu?.....................Morreu.

À Bahia aconteceu
o que a um doente acontece,
cai na cama, o mal lhe cresce,
Baixou, Subiu, e Morreu.

A Câmara não acode?...................Não pode
Pois não tem todo o poder?...........Não quer
É que o governo a convence?........Não vence.

Que haverá que tal pense,
que uma Câmara tão nobre
por ver-se mísera, e pobre
Não pode, não quer, não vence.

Descreve com Mais Individuação

Senhora Dona Bahia,
nobre, e opulenta cidade,
madrasta dos Naturais,
e dos estrangeiros madre.
Dizei-me por vida vossa,
em que fundais o ditame
de exaltar, os que aí vêm,
e abater, os que ali nascem?
(...)
Vem um Clérigo idiota,
desmaiado com um jalde,
os vícios com seu bioco,
com seu rebuço as maldades:
Mais Santo do que Mafoma
na crença dos seus Árabes,
Letrado como um Matulo,
e velhaco como um Frade:
Ontem simples Sacerdote,
hoje uma grã dignidade,
ontem salvage notório,
hoje encoberto ignorante.
Ao tal Beato fingido
é força, que o povo aclame,
e os do governo se obriguem,
pois edifica a cidade.
Chovem uns, e chovem outros
com ofícios, e lugares,
e o beato tudo apanha
por sua muita humildade.
Cresce em dinheiro, e respeito,
vai remetendo as fundagens,
compra toda a sua terra,
com que fica homem grande,
e eis aqui a personagem.
(...)
Chega um destes, toma amo,
que as capelas dos Magnates
são rendas, que Deus criou
para estes Orate frates.
Fazem-lhe certo ordenado,
que é dinheiro na verdade,
que o Papa reserva sempre
das ceias, e dos jantares.
Não se gasta, antes se embolsa,
porque o Reverendo Padre
é do Santo Nicomedes
meritíssimo confrade;
e eis aqui a personagem.
Vêem isto os Filhos da terra,
e entre tanta iniquidade
são tais, que nem inda tomam
licença para queixar-se.
Sempre vêem, e sempre falam,
até que Deus lhes depare,
quem lhes faça de justiça
esta sátira à cidade,
Tão queimada, e destruída
te vejas, torpe cidade,
como Sodoma, e Gomorra
duas cidades infames.
(...)


In: MATOS, Gregório de. Obra poética. Org. James Amado. Prep. e notas Emanuel Araújo. Apres. Jorge Amado. 3.ed. Rio de Janeiro: Record, 1992.

NOTA: Bioco: manto ou capuz usado sobre a cabeça e parte do rosto para afetar modéstia, virtude; Mafoma: Maomé
Gregório de Matos (Salvador BA 1636 - Recife PE 1696) estudou com padres jesuítas, em Salvador, no final da década de 1640. Em Coimbra, Portugal, formou-se em Direito, em 1661. Voltando ao Brasil no início da década de 1680, foi desembargador e tesoureiro-mor, em Salvador, e acabou destituído de seus cargos eclesiásticos pela recusa de receber ordens sacras e usar batina. Autor de composições satíricas e improvisos repletos de críticas pessoais, sociais e políticas, Gregório de Matos acabou envolvido em intrigas e perseguições, pela irreverência de suas sátiras. Seus poemas circulavam em manuscritos ou eram transmitidos oralmente; o poeta não publicou livros em vida. Em 1694, desentendimentos políticos lhe custam o degredo para Luanda, Angola. Um ano depois, retornaria ao Brasil, como recompensa por ter defendido Portugal em conflitos coloniais. Um dos maiores nomes de nossa poesia barroca, Gregório de Matos ficou conhecido como “boca-do-inferno” por seus poemas satíricos, obscenos, maledicentes. Mas também tematizou o amor idealizado, o temor divino e a reflexão moral, em versos influenciados pela poesia de Gôngora e Quevedo.Poeta barroco, de ascendência portuguesa. Nascido no Brasil, em data incerta, teve uma vida aventureira e boémia. Sabe-se que era filho de uma família católica abastada e que foi educado segundo os rígidos preceitos dos Jesuítas. Em 1652 veio para Coimbra estudar Direito. Durante o seu tempo de estudante contactou com as obras de Camões, Gôngora e Quevedo, autores que muito o influenciaram. Diplomou-se, em 1661, em Direito Civil e Canónico. Tornou ao Brasil, mas passado um ano voltaria a Portugal. Consta que se terá casado e terá sido juiz em Lisboa. Regressado ao Brasil, após desacatos na metrópole, desempenhou os cargos de vigário-geral e tesoureiro-mor da Baía. Nessa fase da sua vida abandonou a poesia satírica e obscena que o tornara famoso para se dedicar à poesia religiosa. Casou-se pela segunda vez em 1691, com uma idade já bastante avançada. Excêntrico e polémico, a sua tendência para a sátira impiedosa granjeou-lhe o epíteto de «O Boca do Inferno». Com a sua pena, não poupou ninguém, o que lhe criou inúmeras inimizades e lhe trouxe as mais diversas complicações. Consta que, mesmo no fim da sua vida, em 1694, teria sido perseguido e obrigado a exilar-se em Angola por ter atingido com as suas sátiras o filho do governador da Baía. Voltou em 1695 ao Recife, já com a saúde bastante debilitada, e aí viria a falecer em 1696. Apesar de ser conhecido em Portugal como poeta, foi no Brasil que escreveu a quase totalidade da sua obra, que circulava em manuscritos durante o século XVII. Cultivou géneros bastante variados como a sátira, a lírica profana e religiosa, a encomiástica, e ainda os estilos cultista e conceptista típicos do período barroco. Apesar de ter feito versos de amor e de teor religioso, foi sobretudo como poeta satírico que se notabilizou. Numa perspectiva sociológica, a sua poesia satírica pode ser encarada como um importante documento da sociedade colonial de Seiscentos. Em pleno século XVII, Gregório de Matos manifestou já um forte sentimento independentista, como se depreende dos versos desta célebre quadra, onde critica a exploração dos brasileiros por parte dos portugueses: «Que os brasileiros são bestas / E estão sempre a trabalhar / Toda a vida por manter / Maganos de Portugal». Mas é na sua poesia religiosa e moralista que mais sobressai o seu talento poético. A sua lírica amorosa, de que fazem parte alguns dos mais belos poemas do seu tempo, prossegue a tradição renascentista que idealiza o amor e a mulher, mas é também crua e obscena por vezes. Na linguagem dos seus poemas abundam vocábulos de origem tupi e africanismos
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Achei tudo mas to aq por obrigacão mesmo nesse caralho
07/junho/2021
Heitor Bortolo
Muito lindo, representa o real sentimento de um fiel penintente, combatendo seus escrúpulos, mas confiante em seu Senhor
17/fevereiro/2021
Teu cu na minha mão
Tua mãe sabe que tu é gay?
09/dezembro/2020
roger pato
tenho q fazer um trabalho sobre ele mas dps dessa letra prefiro interpretar tião caminhoneiro hell
13/novembro/2020
Seu tio e gay!!!!!!
Seu tio Claudio e gay e sua familia não sabe!!!!!!
16/julho/2020
Sua mãe e nossa
Seu pai usa calsinha e vc não sabe.
16/julho/2020
seu cu e meu
Uma bosta!!!!!!!!!!
16/julho/2020
Jacinto Leite Aquino Rego
sasuke e naruto
21/maio/2020
Jimmy lindão
legal
31/março/2020
jimmy goxtoxo
achei um óctimo poema
26/março/2020
jimmy o legal
óctimo
26/março/2020
ellen lopes
muito bom
19/setembro/2019
André Matheus
E muito massa
23/julho/2019

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