Autores Lista de autoresPoemas
Joaquim Pessoa

Joaquim Pessoa

Joaquim Maria Pessoa, conhecido por Joaquim Pessoa, é um poeta, artista plástico, publicitário e estudioso de arte pré-histórica português.

1948-02-22 Barreiro
24515
1
8


Alguns Poemas

Não vou pôr-te flores de laranjeira no cabelo

Não vou pôr-te flores de laranjeira no cabelo
nem fazer explodir a madrugada nos teus olhos.

Eu quero apenas amar-te lentamente
como se todo o tempo fosse nosso
como se todo o tempo fosse pouco
como se nem sequer houvesse tempo.

Soltar os teus seios.
Despir as tuas ancas.
Apunhalar de amor o teu ventre.

Resistir

Dobrar na boca o frio da espora
Calcar o passo sobre lume
Abrir o pão a golpes de machado
Soltar pelo flanco os cavalos do espanto
Fazer do corpo um barco e navegar a pedra
Regressar devagar ao corpo morno
Beber um outro vinho pisado por um astro

Possuir o fogo ruivo sob a própria casa
numa chama de flechas ao redor.

Soneto Primeiro

Não foi Guevarra, mãe, quem te rasgou
Com os punhais do frio pela manhã.
Foi quando eu te feri que um cão ladrou.
Das rosas veio um cheiro a hortelã!

Nos mastros adejavam as gaivotas.
Era Fevereiro. E a noite um pesadelo.
Da chuva que caía algumas gotas
Quiseram repousar no teu cabelo.

E eu nasci. No quarto ninguém estava.
À porta só a chuva é que teimava
Em molhar os lençóis da tua cama.

Não foi Guevarra, mãe, quem tu pariste
Foi um grito do povo azul e triste
Na noite em que chorei luas de lama.
A morte é a forma mais silenciosa de comemorar uma vida inteira.

De onde chegam estas palavras?

De onde me chegam estas palavras?

Nunca houve palavras para gritar a tua ausência

Apenas o coração
Pulsando a solidão antes de ti
Quando o teu rosto dóia no meu rosto
E eu descobri as minhas mãos sem as tuas
E os teus olhos não eram mais
que um lugar escondido onde a primavera
refaz o seu vestido de corolas.

E não havia um nome para a tua ausência.

Mas tu vieste.

Do coração da noite?
Dos braços da manhã?
Dos bosques do Outono?

Tu vieste.
E acordas todas as horas.
Preenches todos os minutos.
acendes todas as fogueiras
escreves todas as palavras.

Um canto de alegria desprende-se dos meus dedos
quando toco o teu corpo e habito em ti
e a noite não existe
porque as nossas bocas acendem na madrugada
uma aurora de beijos.

Oh, meu amor,
doem-me os braços de te abraçar,
trago as mãos acesas,
a boca desfeita
e a solidão acorda em mim um grito de silêncio quando
o medo de perder-te é um corcel que pisa os meus cabelos
e se perde depois numa estrada deserta
por onde caminhas nua.
No altíssimo de ti, serás humilde. Porque não há na vida muitas coisas justas.
De tanto a enrolares com mentiras, a verdade é uma múmia mentirosa.

Ícaro

A minha Dor, vesti-a de brocado,
Fi-la cantar um choro em melopeia,
Ergui-lhe um trono de oiro imaculado,
Ajoelhei de mãos postas e adorei-a.

Por longo tempo, assim fiquei prostrado,
Moendo os joelhos sobre lodo e areia.
E as multidões desceram do povoado,
Que a minha dor cantava de sereia...

Depois, ruflaram alto asas de agoiro!
Um silêncio gelou em derredor...
E eu levantei a face, a tremer todo:

Jesus! ruíra em cinza o trono de oiro!
E, misérrima e nua, a minha Dor
Ajoelhara a meu lado sobre o lodo.
Tens de levantar a cabeça do microscópio. Já chega de observar uma realidade minúscula que a simples utilização dos olhos não reconhece.
Não podemos esperar nada de quem nada quer da vida. Mais escuro do que o preto é impossível. Isso é bastante claro.
Poeta português. Colaborador de várias publicações ligadas à literatura, como a Vértice, a sua poesia inicial denota ligações ao neo-realismo, bem como, mais explicitamente, ao processo político associado à revolução de 25 de Abril de 1974, filiando-se, ideologicamente, no socialismo comunista. Ficou célebre a sua Canção de Ex-Cravo de Malviver (1978). Posteriormente, reflectem-se na sua obra certos motivos e mitos da história portuguesa. Escreveu os volumes de poesia O Pássaro no Espelho (1975), Amor Combate (1977), Os Dias da Serpente 81981), O Livro da Noite (1982), O Amor Infinito (1983), Paiol de Pólen (1983) e Por Outras Palavras (1990). Salientam-se ainda os poemas de: O Livro da Noite (1982), Peixe Náufrago (1985), Mas (1987) e Vou-me Embora de Mim. Joaquim Pessoa canta o mundo, o tempo o amor e o ser como se a vida não fosse possível sem a palavra a circular no sangue. Em 2001, o poeta publicou Nomes, um livro que considera nunca estar acabado
- - -
Eu sei, não te conheço, mas existes | Poema de Joaquim Pessoa com narração de Mundo Dos Poemas
Canção Da Minha Tristeza | Poema de Joaquim Pessoa com narração de Mundo Dos Poemas
Amei Demais | Poema de Joaquim Pessoa com narração de Mundo Dos Poemas
Se Ao Menos Soubesses Tudo O Que Não Disse | Poema de Joaquim Pessoa narração de Mundo Dos Poemas
Alexandre Gois e Joaquim Pessoa | Formigueiro (Vídeo Oficial)
Joaquim Pessoa - Quem disse que o teu nome é uma espada (por José-António Moreira)
Alexandre Gois e Joaquim Pessoa | Cais (Vídeo Oficial)
Alexandre Gois e Joaquim Pessoa | Retratos (Vídeo Oficial)
Quero Ouvir O vento Que Vem Da Tua Pele | Poema de Joaquim Pessoa com narração de Mundo Dos Poemas
Estou Mais Perto De Ti Porque Te Amo| Poema de Joaquim Pessoa com narração de Mundo Dos Poemas
Dia 152 (Joaquim Pessoa)
Alexandre Gois e Joaquim Pessoa - Foi Assim (Clipe Oficial)
Alexandre Gois e Joaquim Pessoa | Fogueira (Vídeo Oficial)
Joaquim Pessoa - Conta comigo, sempre (por José-António Moreira)
Alexandre Gois e Joaquim Pessoa | Danação (Vídeo Oficial)
Alexandre Gois e Joaquim Pessoa | Desassossego (Show Completo)
Alexandre Gois e Joaquim Pessoa | Ligeiro (Vídeo Oficial)
"Foi Assim" na voz de Alexandre Gois e no violão Joaquim Pessoa #shorts
Alexandre Gois e Joaquim Pessoa cantando "Foi Assim" #shorts
Alexandre Gois e Joaquim Pessoa | Leve (Vídeo Oficial)
Foi Assim | Alexandre Gois e Joaquim Pessoa
Os Rios Desta Canção | Alexandre Gois e Joaquim Pessoa
Alexandre Gois e Joaquim Pessoa | Panela (Visualizer Oficial)
Amei Demais | Um poema de Joaquim Pessoa
Joaquim Pessoa - Os dias não andam satisfeitos
Reflexos - Joaquim Pessoa
Fogueira | Alexandre Gois e Joaquim Pessoa
Cais | Alexandre Gois e Joaquim Pessoa
Ligeiro | Alexandre Gois e Joaquim Pessoa
D'ALMA - Ao vivo no Auditório Municipal de Vila nova de Gaia "Joaquim Pessoa"
Abraços Adiados | Alexandre Gois e Joaquim Pessoa
Ruas de Lisboa - Joaquim Pessoa
Alexandre Gois e Joaquim Pessoa | Os Prazeres Part. Almério e Flaira Ferro (Vídeo Oficial)
"Canto de passagem" Música de Fernando Tordo e Letra de Joaquim Pessoa
Houve Uma Ilha Em Ti | Poema de Joaquim Pessoa com narração de Mundo Dos Poemas
Alexandre Gois e Joaquim Pessoa - Deixar partir
Alexandre Gois e Joaquim Pessoa | Abraços Adiados (Vídeo Oficial)
"...a tua procura..." de Joaquim Pessoa
Balada do medo _ Joaquim Pessoa
Um Quase Fado Para O Recife | Alexandre Gois e Joaquim Pessoa
Filme De Mim | Alexandre Gois e Joaquim Pessoa
Joaquim Pessoa - Amor combate (por José-António Moreira)
Abajur | Alexandre Gois e Joaquim Pessoa
Alexandre Gois e Joaquim Pessoa - Foi Assim
Abraça-me | Um Poema de Joaquim Pessoa
Alexandre Gois e Joaquim Pessoa - Ligeiro
OS DIAS NÃO ANDAM SATISFEITOS - Poema de Joaquim Pessoa
Na Frequência In Loco | Alexandre Gois e Joaquim Pessoa - Teatro Hermilo Borba Filho
POEMA TEMPERAMENTAL de Joaquim Pessoa
Joaquim Pessoa 3 anos

Ver também

Quem Gosta

Seguidores