Promessa Vã
O Céu finge que ri; depois, fecha a carranca:
irado, amarfanhando o punho — a renda branca,
disfarça num muxoxo um fuzilar de raio.
O Sol se inclina mais, olhando de soslaio,
e, ouvindo o rataplã dos bombos do infinito,
oculta-se, a fugir, qual um Astro proscrito.
Na cúpula central da Sé da Eternidade
bimbalham carrilhões. Desaba a tempestade.
Mil raios a silvar, cor de aço, coruscantes,
soprando um pleno espaço os cebês trovejantes,
parecem pentear as crinas encrespadas
dos negros esquadrões das nuvens rebeladas.
Vêm elas a rugir. Um furacão sacode-as;
matracam mil trovões, fantásticas rapsódias
por entre o fuzilar de estranhos azorragues:
são raios cor de prata ardendo em ziguezagues,
avisos de Tupã, mostrando Tudo ou Nada
a força sem matéria, à frente da lufada! ...
Começa o crepitar de roucos alaridos,
metálicos, febris, soluços mal sustidos
uivando em derredor. Um arrastar de pesos
no sótão da amplidão vem sacudir retesos
os nervos a fremir, que esperam pela chuva.
Debalde! O Céu se opõe, arremessando a luva...