A PENA E A FOLHA...
Tens lembranças das palavras que ficavam esquecidas,
quando pela tua mente viajavam outras, mais outras,
e outras tantas, mais interessantes ainda,
e as primeiras letrinhas esquecidas, separadas?...
E tu olhavas para a folha do caderno sem pauta,
e a folha ali, deitada, preocupada;
porque o ponteiro dos segundos não parava,
e a folhinha em branco, desesperada...
Porque ela sabia que você poderia desistir de usá-la,
e ela permaneceria eternamente em branco,
não cumpriria o dever de ter sido uma folha que foi usada;
e você disperso, desprovido de encanto...
E também, distraído, fútil,
poderia passar dela, para uma outra,
e a folhinha seria uma qualquer, que passou,
passou, por não ter sido útil...
E a folhinha pensava...
- Quem sabe se a pena me fizer um rabisco,
mesmo que seja um risco,
posso ser usada para ser o início de um bilhete,
para um necessário lembrete...
Mas, a sonhadora folhinha determinava para sí:
- Quero fazer parte de uma história ou estória,
não importa;
o que eu não quero é ser amassada e ao lixo jogada!!...
E alimentava a folhinha uma fantasia:
- Ahhh!... quem me dera eu pudesse sonhar de sonhar...
Poderia eu transformar-me em uma Gênia Vegetal...
Sim!... Porque não?... Tudo se pode!... Tudo se consegue...
A minha origem é vegetal, mas não fui criada para vegetar!...
E você despertou de um transe inimaginável,
que teria em sonhos conhecido a Gênia Vegetal;
e passou a mão pelos cabelos, esfregou os olhos de espanto,
e afastou-se ao ver sobre a mesa a folha do caderno, em branco...
E rapidamente versou algumas coisas, quase todas as coisas;
versos que socorriam a tua mente culpada,
para que a folhinha fica-se feliz por ter sido usada,
e certamente seria através dos séculos lembrada...
Talvez,
dentro de uma garrafa de vinho Chileno,
ao sabor das ondas de um mar revolto ou ameno,
ou deitada nas areias de uma praia deserta...
Apenas com o nome do dono, do dono da pena!...
Tens lembranças?...
Sim!...