Quando as nuvens do meu céu escurecem e começa a chuva de dor,
Mergulho no oceano dos pensamentos e busco o Senhor.
Penso em coisas inefáveis que só através de poemas – embora não tão bem – é possível exprimir,
E só a esperança em Deus e o sorriso da minha princesa podem – por alguns instantes – fazer-me sorrir.
O que é o amor? Eu não sei. Se o definisse, estaria a mentir,
É algo que, neste momento, não sei se gostaria de sentir.
Viver tranquilo, estar alheio ao sofrimento do mundo...
Mas é claro que não seria possível, pois me irritaria com tudo.
Amo alguém de quem quero distância pela mesma razão.
Agora que consegui o que queria – a distância –, dói-me bastante o coração.
Assim é o amor! Por um lado, a dor,
Por outro, o fato de que, sem ele, a vida é sem sabor!
Parece que existem dois tipos de dores: a da queimadura e a da seringa.
A primeira ocorre quando Deus livra alguém de ti, e a segunda, quando Deus te livra.
A primeira dói e passa, mas deixa sequela – a marca da queimadura;
Já a segunda dói, mas passa e te cura.
E é bem melhor quando se abrem os olhos, a porta do coração,
E se manda para fora as águas de tristeza que o inundam.
Encaro cada momento triste vivido como uma dura lição,
Penso em outras situações que achei serem o fim, mas não foram, não.
E a lição é única; para além desta, não existe outra, não:
DEUS É O ÚNICO EM QUEM POSSO CONFIAR O MEU CORAÇÃO!
Não é fanatismo ou achismo, pode crer!
Cá estou eu, sofrendo por algo que sei que foi melhor perder.
Mas, bem lá no fundo, eu sei que irá passar,
O problema é só aguentar até lá – até a ferida sarar.
Vai doer e demorar, mas vai passar!
E, amanhã, será apenas lembrança – uma história para contar!
África, Angola - Luanda, 2020.