Luana Castro

Temo dores expostas e sorrisos que forçam a fisionomia. 
Passa a ser pesado carregar as lembranças das rasteiras da vida. 
Elas são torrenciais, me tomam o ar, revelam minha fraqueza. 
Quando se está sozinho com os pensamentos, os ruídos desaparecem 
E o que ecoa são as vivências frustrantes no caminho que escolhi percorrer. 
Ainda há tempo de mudar. Sou a metamorfose que Raul cantou.
O segredo da luz que descobrir ser. 

É bom ter um companheiro noturno. 
Para ele eu confesso o enigma de ser mulher e lutar pela minha sorte. 
Mostrar minha luta de vida numa supernova incendiária. 
Servir o meu ego ao seu paladar áspero e, talvez ser compreendida pelo bicho homem. 
Eu exijo respeito da mesma forma que te suplico a proteção dos deuses. 
Não é fácil vigiar o meu corpo dia e noite. 
Amaciá-lo da tensão produzida pelo caos. 
Servi-lo de bons fluídos através da música, do seu sorriso, do seu calor. 
Não me imagino sozinha, às vezes eu sinto medo, angústia. 
Mas os meus longos dedos secam a dor líquida e se despedem da esperança.

As minhas mulheres recebem rajadas de gozo em seus rostos 
E o poder absolve o ocorrido como algo sem violência.
 
Meu caro senhor, sua filha também gostaria de ser gozada sem constrangimento 
por um homem que já estuprou outras cinco mulheres? 

A sua mente perdida num labirinto milionário não deixa espaço para a índole certa. 
Os meus homens estão preocupados em estancar a sangria de seus erros e esquecem
que em suas veias o sangue já se petrificou há muito tempo. 

O que eles enxergam é apenas o sangue pobre que inunda as ruas 
esburacadas das cidades esquecidas pelos seus olhos. 
Os paladares desses homens salivam pela carne nobre do empresário 
que tem nome comum, mas não se importa com suas raízes. 

O vermelho rubro alerta seus discípulos que tremem na base, 
mas a cor se torna escura com o fechar dos olhos. 

Mas o cheiro do poder expande suas narinas enrugadas 
enquanto o meu povo se atira no chão fugindo 
da morte que surge através de balas perdidas.

Poema feito ao som de Arizona – Kings of Leon

Balance

Tudo que eu quero

Derretido em brasa

Nos seus braços

Eu sinto frescor

Me lembrei das comédias que passavam na tv

Diamantes perdidos na eternidade

Queria você aqui, mas quem?

Balance 

Meu rosto ardeu na brisa do mar

O sol estava quente e eu vi um corpo sexy

Acho que pensei

O baixo de Arizona é a melhor coisa

Ouço sozinha

Imaginando tanta coisa

Volte para mim quando eu chamar

Balance

Num lacônico beijo ela se distorceu aos suspiros, seu corpo iluminado 
pela luz do céu cinza resolveu então brincar de me iludir.
A cada movimento eu tento apertá-la contra mim o mais forte que posso, 
enquanto vejo seus olhos se cerrarem por súplica. 
O cheiro dela me lembrava que o amor não existia, porque era o melhor que eu já conhecera. 
Resolvi lamber seus lábios carnudos e rosados, o seu gosto peculiar me fez imaginar 
ser um suntuoso amante e que todos aqueles gemidos eram só para o meu prazer.
E no fim resta dor.

Não me subestime rapaz, conheço seu olhar de aprovação quando estou nua em sua frente. 
O sorriso amarelo contorna seus lábios secos, e em segundos, sinto suas mãos apertando meu quadril.
Não é fácil te deixar sozinho, eu sei que você não gosta de dormir só, mas tenho mais deveres que você, tenho mais futuro que você e meu amor só transborda quando estou em frente ao seu prédio. 
Eu subo as escadas sujas e sinto o cheiro de comida podre pelos corredores, os vizinhos são drogados de ódio, eles não sentem a minha luz penetrar, mas eu não ligo, não gosto de olhar nos olhos deles. 
Me sinto arrepiada quando bato em sua porta, há manchas pelas paredes, quando chove não tem como fugir. 
Você abre a porta, e vira as costas pra mim, isso é tão normal. 
Mas sua casa é tão limpa e tem um cheiro doce do seu perfume azul. 
Eu quero te abraçar amor, eu largo a bolsa no chão e te olho nos olhos, você ainda está sonolento, 
mas estende os braços pra mim, você me quer tão bem.

Ela balança como auroras de inverno, tão linda que me deixa triste.

As aquarelas de seu corpo deixam meu rosto ardendo.

Ela me deixa louca, eu quero tocá-la.

Os fogos de artifício foram soltos próximo ao seu corpo.

Minha nossa, o sorriso dela é lindo demais.

Ela gosta de música e balança alegremente.

Nesse momento ela me olha, eu paro de respirar.

Foi rápido demais, mas o suficiente para eu crer que jamais a terei.

Seus ombros nus cintilavam de excitação.

A noite quente a deixa feliz, solta com pouca roupa.

Quem se deleita de sua vulva, jamais reclamaria de solidão.