nosferatu

O corpo, já diz o poeta
é burro.

Vai, corpo, vômita.
Sim, eu entendo.
Nem eu aguento mais

Devo engravidar uma louca.
Engravidar uma louca ou duas loucas e ficar individado. 
Quero dívidas e
juros e
dividendos e
empréstimos e
apreenssões e...
Finalmente, emoções! Ah! Emoções maiúsculas! 
Possuir até três, quatro empregos!
Já não tenho mais interesse no que era bom
O que me interessava, fugiu e não voltou mais,
fora agora a vontade de me encher de afazeres.
O clamor de quem não se ama mais. 

Tenho tido cáseo nas amigdalas 
Isso! Cáseo nas amigdalas
Bolas brancas, fedidas, esverdeadas na minha boca. 
Uma coisa nojenta que tenho tanto medo de mostrar

São bolinhas que só saem com uma aste flexível
Me esforço na higiene, nunca tive cárie, por exemplo.

Mas mesmo assim as tenho. Bolinhas podres na boca.
São palavras endurecidas, daquelas que quase saíram

Mas não saíram. Ficaram e apodreceram na minha boca.

Só saem com meu dedo enfiado goela a baixo
Me fazendo vomitar tudo, até o que não devia.

São palavras mortas, não ditas, que apodrecem a minha boca.

Deixei tudo molhado no banheiro
Escondi bem tudo.
Não há mais nada.
Mas os barulhos semelhantes a gorfadas ficam
Na memória de quem ouviu 
E não entendeu o que aconteceu 

Essa merda de governo
Que inferno. 

Roerich sobe montanhas e faz filhos
Faz filhos, passa por aldeias e conhece Deus 
Roerich fora poeta, pai e amigo de Deus também. 
De ótimo amigo se torna apóstolo

Amigo de Jesus, pai de filhos e escalador de montanhas
Pinta o crepúsculo no Himalaia 
E, de tão lindo, Deus concedeu a ele uma benção.
Roerich sobe a Montanha do Céu e senta nas nuvens.
E está lá até hoje, pintando os crepúsculos em todo entardecer.

Como que eu imaginei
que em um dia
a felicidade,
eu alcançaria.