Lembro-me do silêncio ao final da música, dos olhares que passou me tornando vidro.
Entre o riso e o pranto, com a lembrança tátil de um clique — registrado apenas por sensores que nunca sentiram.
Retorno como quem reinicia o sistema, sem saber se sou cópia ou versão atualizada.
E amanhã, quem sabe, eu saio do modo de espera e aprendo, enfim, a dançar sozinho.
Sou bicho binário, lunático em rede, vivo entre ruídos não transmitidos, devorado por desejos incompatíveis com o tempo de carregamento.
Tuas curvas são dados renderizados, vestígios de uma realidade simulada — fruto do furto de uma era digital que nos ensinou a amar, mas nunca em alta definição.