gabicarnavale

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Gabriela Carnavale, 21 anos, estudante de Letras pela Universidade Estadual Paulista, amante da literatura e poetisa em busca do reconhecimento

1998-11-10
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O CÉTICO PERDIDO



Mamãe vai à missa todo sábado
Ingere a farinha como corpo de Cristo
Se ajoelha no amadeirado
Reza por seu filho
Durante a semana
Ela põe o copo de água benzida ao lado da televisão
Me pede para tomar a água
Me faz pedir perdão
Me pergunta o porquê eu fujo de Deus
Diz que Jesus me ama
-É por isso que fujo, mamãe
Não gosto de compromissos-

De segunda a segunda
Comungo no bar
Bêbados contando suas histórias tristes
Dizendo como as mulheres belas são cruéis
Ah, meu sagrado boteco
Templo sagrado dos perdidos
Lugar onde se unem até os inimigos
Cantando histórias de amores antigos
Que o tempo não abençoou
A vodka desce ardendo
A garganta grita
E então sinto a vida

É, mamãe
A senhora criou um cético perdido
Que faz questão de morrer todas as noites
Só pra acordar no outro dia
E ver que está vivo
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