andreza g. a. alves

andreza g. a. alves

Há 20 anos resistindo em vida. Intensa em demasia. Escritora porque é preciso, leitora porque as estrelas do céu lembram letras no papel. Estudante de psicologia pela PUC Minas e admiradora sem precedentes de Pablo Neruda e Leminski.

1999-12-25 25/12/1999
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Se tem texto, tem história

Há tempos que não me calo por qualquer coisa
Que me atrevo a ser intrépida e intrometida
Que me meto onde não sou chamada
Que saio da cozinha e vou direto ao campo de uma batalha sangrenta
Há tempos que não me entrego sem questionar todas as pontas soltas
Pontas que outrora me feriam a pele e me infectavam, me deixavam doente
cega
desprezível, descartável
sem identidade.
Há tempos que não abaixo mais a cabeça
Que não passo mais pano pra truculências masculinas
Que não rio, constrangida, de uma piada bem vestida de assédio
De tempos em tempos eu me multiplico,
eu aqueço minhas cordas vocais pra gritar, até quase perder o ar, que machismo não tem vez
nem que entre na fila várias vezes
Multiplicando-me, viro dezenas, centenas
milhares e milhares de legitimadas senhoras,
damas
meninas
esposas
vagabundas
putas
fêmeas

Mulheres
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