A Morte De Um Conhecido
Quando um amigo morre
vou deixando eu de viver,
primeiro morrem os lábios,
depois morre o sentido,
em seguída o horário
e o modo que desatino:
sorrindo, sem perceber
a terra em meu corpo.
Quando um amigo morre
morre também os meus ouvidos,
a multidão é silente
e a palvra mais doce
torna-se tão intransigente
para o peito que derrete
e aos poucos se solidifica
num sofrimento duradouro.
Quando um amigo morre
entristeço entre piadas,
sorrisos e curtas risadas
de quem não sabe lidar
com sentimento algum.
Quando um conhecido morre
é que tento não penar
e em vão lastimar
uma amizade quântica
que foi e não foi,
como eu,
como nós,
enterrados no mesmo solo;
tu com o corpo
e eu com a alma.
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