

MARIA DE FATIMA FERREIRA RODRIGUES
Sou um ser humano em constante construção. Me sinto parte da natureza e a ela vinculada no sentido material e imaterial. Gosto de lidar com as palavras construindo e desconstruindo castelos. Portanto, escrevo como um exercício de compreensão de mim e do mundo.
1957-12-21 Farias Brito - Ceará
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Retalhos de um estrangeiro
Retalhos de um estrangeiro
Retalhos da vida, de dores e de alegrias é o que sou
Se gargalhei e rodopiei numa avenida
segurando o standarte
foi porque encarnei o teu ser de tal forma que me perdi de mim
Via os teus morros sangrando, ruas festivas, e as mães em puro lamento!
Dias longos desfilavam frente aos meus olhos cansados
Noites insones se refletiam em opacidade nas poças d'água e nas ruas de chão batido
Almas exasperadas com as perdas juvenis explodiam em canções e em oraçoes ao meu redor
Em certos dias, o meu rosto cobria-se de serpentinas em vôo livre pelas arquibancadas afora
Me via num bailar sem fim e num gracejar insano.
Uma alegria pura como a de mulheres livremente prenhes me cobriam as vestes
Me envergonhava das dores dos pavões, dos avestruzes, dos exilados, e do martírio dos meus parentes e vizinhos violentados em seus habitats
Em instantes me via acompanhado naquela encenação carnavalesca onde a dor veste-se de euforia
Depois ficava a sós e nu a me indagar:
- Como recompor o palco da vida?
E que vida meu Deus!
Oh! Cidade amada!
Me leva em tua alma, em tuas madrugadas e em teus dias ensolarados
Repete comigo as orações dos meus
Orações em retalhos que nunca as apreendi por ser apenas estrangeiro
Apenas isso: estrangeiro de mim e exilado dos outros.
Retalhos da vida, de dores e de alegrias é o que sou
Se gargalhei e rodopiei numa avenida
segurando o standarte
foi porque encarnei o teu ser de tal forma que me perdi de mim
Via os teus morros sangrando, ruas festivas, e as mães em puro lamento!
Dias longos desfilavam frente aos meus olhos cansados
Noites insones se refletiam em opacidade nas poças d'água e nas ruas de chão batido
Almas exasperadas com as perdas juvenis explodiam em canções e em oraçoes ao meu redor
Em certos dias, o meu rosto cobria-se de serpentinas em vôo livre pelas arquibancadas afora
Me via num bailar sem fim e num gracejar insano.
Uma alegria pura como a de mulheres livremente prenhes me cobriam as vestes
Me envergonhava das dores dos pavões, dos avestruzes, dos exilados, e do martírio dos meus parentes e vizinhos violentados em seus habitats
Em instantes me via acompanhado naquela encenação carnavalesca onde a dor veste-se de euforia
Depois ficava a sós e nu a me indagar:
- Como recompor o palco da vida?
E que vida meu Deus!
Oh! Cidade amada!
Me leva em tua alma, em tuas madrugadas e em teus dias ensolarados
Repete comigo as orações dos meus
Orações em retalhos que nunca as apreendi por ser apenas estrangeiro
Apenas isso: estrangeiro de mim e exilado dos outros.
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