Pais
Ontem, mais uma vez, refleti sobre o não direito dos homens a rejeitar uma gravidez acidental por diversos motivos; vislumbrei numa mulher exultante, embora perplexa e insegura ao se descobrir grávida; pensei num homem decidido a não se tornar pai dada as circunstâncias de sua vida naquele momento, ou por não querer ter filhos, assim como muitas mulheres, pois seus projetos de vida nunca incluíram a paternidade. Ele explica sua situação à gestante, seja ela esposa, namorada, amiga, conhecida, desconhecida, a aconselha a interromper a gravidez o mais rápido possível, e, embora esteja passando por dificuldades financeiras, se compromete a procurar um profissional experiente e confiável; ela se revolta, o insulta por sua suposta insensibilidade, diz ser uma mulher religiosa, se refere à interrupção da gravidez como um ato monstruoso, afirma que jamais fará um aborto e cobrará dele todas as responsabilidades paternas em juízo. Ele se revolta e suas atitudes relacionadas ao fato passam a determinar seu caráter como inescrupuloso; seu posicionamento como irresponsável e cruel. Eu sei, as excessões legais para interromper uma gravidez são raras, e o aborto ainda representa um grande risco à saúde, à vida da gestante, apenas da gestante. Porém também sei que muitas mulheres se submetem a esses riscos mesmo por vontade própria, mesmo quando estão num relacionamento estável e seguro financeiramente, mesmo quando o parceiro sexual anseia por se tornar pai. Para mim, se trata de um assunto muito polêmico. E eu não estou falando de genitores irresponsáveis e abusivos, estou falando de uma gravidez, como acidental, conforme citei no início deste texto.
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