Iran Gama
Filho da lavadeira Iraci Gama de Souza (Iara), Iran Gama nasceu no Cais de Santa Rita, no Recife, no dia 25.09.1943. Advogado, atua na Advocacia desde 1995. É poeta, ficcionista e artista plástico. Publicou os livros CANTO MURAL (poesia), FRAGMENTÁRIO (poesia) e ROTA SIGMA (micronovela).
1943-09-25 Cidade do Recife, estado de Pernambuco, Brasil.
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IRMANDADE E TRADIÇÃO SULNORDESTINA
Os grotões baixos da Lagoa dos Patos
com seus cardumes sinfônicos
de tainhas que adornam o paladar
quase beirando o Laranjal
eis o berçário do antoniano Del Pino e seus irmãos.
Eclodindo das Pelotas os irmãos almondegados Kleiton
e Kledir com a prima vibração no sangue
viram as notas musicais nascendo
sob o Minuano sopro de inverno
do ártico carregando a clave de sol e seus mistérios.
Vindos a reboque dos atabaques existenciais
aqueles volteiam notas e espetáculos na mesma terra
de nascimento e no mundo anunciando o Brasil.
O antoniano migrou e vestiu a pilcha nordestina
ferida nos entreveros da caminhada
sob o lombo dos ventos madrugadores matinais
Terral com gosto de pássaros noturnos
e Nordeste com sabor de açaí e cupuaçu
das ribeiras do Amazonas.
Trouxe churrascos de mendinha
no fogo de chão e de estrelas
costelas douradas na tipoia do tempo.
Mas se vestiu guarda-peito perneiras alpercatas chapéu e gibão
nos caminhos do Cariri paraibano
sobre a bombacha afivela a guaiaca
abaixo do carijó vermelho vertido da história e da tradição
nutrida por Paixão Côrtes
nesse sul rosado gauchesco
com saberes de manhãs e entardeceres
memória do alegretense Inhanduí.
Se o amargo era sorvido ao som gaudério
hoje é nordestinamente repartido
sobre alparcatas de rabicho com o forró
nos pagos do frevo xote xaxado baião.
(*) Não pergunte onde fica Pelotas
: ela vive no dentro da Paraíba
nas quebradas da ilha da Restinga
distante do berço do Guaíba
doces paragens das vizinhas que são minhas
onde o amargo esquenta o sol no coração
querências que ardem na garganta
como grita no sereno a solidão.
Olinda, 09/10/2023.
(*) – Da canção “Canto Alegretense”
de Nico Fagundes: “Não me perguntes onde fica o alegrete”.
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