Das folhas à raiz
há lembranças, memórias
opiniões perigosas
que melhor ficam
aprisionadas
túmulo das ideias
nunca reveladas
há no solo de terra escura
entre as folhas algumas gravuras
os traços mudam com os ventos
eterno epitáfio desses sentimentos
bem no fundo do baú há uma carta lacrada
palavras que não posso dizer em voz alta
contam da minha alma o que se perdeu
frases tão confusas quanto eu
contorno as palavras para poder dizer
aquilo que não deixo ninguém ver
escondo nos versos sem sentido
a dor que guardarei sempre comigo
as várias facetas da obra são necessárias
o mundo inteiro é pura interpretação
dentro da pele escondo muitas marcas
usada para revestir o próprio artesão
nunca ninguém entendeu
morrerei uma incógnita
dentre todas as geleiras
fui sempre a mais sólida
não se preocupe
nem peça perdão
pois nem mesmo eu
entendi de antemão
além fui há muito
nada tenho de meu
minha alma é escura
no coração somente breu
meu chão vibra com essas ideias
me fortalece e me mantém vivo
sou assim das folhas à raiz
mesmo que não faça nenhum sentido