Navios perdidos
As saudades são navios perdidos
num mar de areia,
esquecidos de navegar,
à espera de um qualquer caís em pedra talhado.
Das outrora cores vivas,
resta-lhes o desbotado da imobilidade.
Da clara silhueta resta a memória
corroída pela ferrugem…
Faltam-lhe pedaços;
lapsos de tempo, esqueleto níveo à vista.
Resta-lhe, projectada na areia revolta,
fiapos de sombra;
estilhaços amargos de um pranto adiado…
De olhos abertos
só o absurdo disforme te fere as veias,
mas se cerrares as palpebras e olhares
verás a saudade por inteiro
a navegar no teu peito magro.
António P. Pereira
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