A sesta

Numa tarde calma de frescor a gente
deita sobre lençóis do amor
E cada um serzinho, o carinho ingente,
entre nós deita ao cobertor.

Sopra o vento, baixo o trinco, fecho a janela,
o ralo escuro toma o quarto.
Viro de lado, meu braço procura ela, 
na cama grande (falta espaço).

Fora do quarto gorjeia a garrincha,
dentro de casa o silêncio oco.
Fora de esquadro meu corpo se alinha,
saio de um cômodo para o outro.

A mãe aos dois meninos se aninha,
o pai olha os céus tão claros
(as Escrituras dizem para esperar ainda
os dias que virão amaros).

Contemplo o sublime tempo de paz, 
a natureza zela por mim.
Vendo balançar as folhas (isso me apraz) 
caminho vou para o jardim.

O sol agonizante ilumina o céu,
As flores enfeitam o chão;
A calma, a paz, a vida é um troféu,
A noite chegará então.

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