Povo Portucalense
Os homens que deixaram as armas e os barões assinalados
São os mesmos que hoje se deixam só à beira praia sentados
Pelo mar entramos com sonhos de o que p’ra lá dele estava conquistar
Agora se por ele a dentro vamos é só com intensões de mergulhar
O eleito povo para fazer erguer o quinto império
Vive conformado, envolto em marasmo que é mistério
A língua de Camões Bocage Pessoa e Saramago
Já não faz eco, pouco passa de passado vago
Mas é que a mim ninguém me cala
Falta-me voz pública mas tenho fala
Que Deus outra vez queira, o homem português sonhe, e a obra renasça
Que a pouca terra que nos é pertença, não seja o pouco que satisfaça
A nação que soube passar além do Bojador
Não pode mais viver de Fátima, fado, e de sua dor
A dor que deveras sente esta com ilustre história gente
Mudaram-se os tempos por consequência as vontades, certamente
Não percamos a precisa crença de que tudo ainda muito vale a pena
Temos história que bem prova o tanto que a alma deste povo não é pequena
E bate-me cá dentro ao de leve mas não levemente
Um patriotismo que chama por mim certamente
Heróis do mar neste alongado quadrado plantado
Nobre povo peço-te que te queiras ver libertado
Nação que por ser valente nos livros se inscreveu imortal
Levante-se de novo o esquecido esplendor de Portugal
Entre as brumas do que é a nossa memória
Que volte D. Sebastião cavalgando p’rá vitória
Na outrora portentosa pátria que se volte a ouvir a voz
Com igual potência que se fez ouvir a de nossos egrégios avós
Às armas? As armas não vamos buscar, agora já não se ataca por mar
Não contra os canhões, sim contra quem nos oprime ó irmãos, marchar marchar!
Ao som de Grândola vila morena, fizemo-nos país de fraternidade
Mas hoje quando estou dentro de ti, já não te reconheço ó cidade
Não parece ser mais o povo português quem mais ordena
Em ti, ó histórica Grândola vila morena
Em tuas ruas se ouve dizer, quem sou eu, quero saber o que faço aqui
Porque Lisboa capital me abandonou, se mal lhe fiz já me esqueci
Creio que eles não sabem e possivelmente nem sonham, que adormecido o povo o faz, sonha
E porque o sonho comanda a vida, a revolução se formará na fronha
Vemo-nos à rasca mas o desenrasque foi constante desta vida lusitana
Valência tão valiosa e que só o primado povo português emana
O orgulho que tenho desta terra com estes versos é que eu o percebi
Esta tristeza que em versos vos trago, foi da voz de vossos avós que a recebi.