Ser eu
Existe em minha complexidade grande grau de vulgaridade.
Sou banal e me inclino a tudo aquilo que é julgado supérfluo com mais facilidade do que à formalidades.
Sou fragmentos de estrelas. Inclusive sou você. E você sou eu. E somos nós, um.
Às vezes sinto que sou também tudo o que não digo ser. Sinto ser mais que isso, sinto ser espírito. Minha alma é sua alma? Alma se divide também?
Quando me canso de ser nada, sou tudo. Mas ser tudo é difícil, por isso estou quase sempre sendo nada.
Sou barroca e sou dia 30 de Janeiro.
Não possuo vida, eu sou vida.
Sou nuvem que precipita.
Cansei do eu. Digo tudo isso e nem sei se creio.
Digo tudo isso por estar exausta de viajar em mim tentando me conhecer.
Minto para mim mais do que deveria, no fim a verdade se encontra no mesmo lugar que a mentira,
e de nada me adianta o desejo de enganar-me minimamente e ser feliz.
No fim, é sempre o fim.
E sempre que digo, não digo nada. Se escrevo, não uso palavras. Se lê, não lê com os olhos.
E se acaso sinta, sinto muitíssimo.
Escritas.org
