Cristiano2025s

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Me chamo Cristiano, escritor amador, escrevo para mim e não para os outros. O mundo está cheio de outros. Moro no Pará aqui em Brasil, estudando Letras 6⁰ semestre, amo a natureza, arte,música, viajar o mundo e conhecer culturas é um desejo.

1992-06-18 Capitão Poço
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A CARTA DE ANA TEREZA

PARTE I: O CHEIRO DA ALGEMA
Capítulo 1: O Início e a Terra Vermelha
Há quem diga que a única certeza é a morte, e o que mais intriga é que ninguém volta para 
contar. Em um lugar chamado Vereja, a vida de Ana Tereza se resumia ao cheiro de terra 
molhada e mato verde que o vento fresco carregava. Aos dezoito anos, essa fragrância, outrora 
um aconchego, havia se tornado o aroma de sua prisão. Ana vivia com sua mãe, Helena, e seu 
pai, Helício, além de seu irmão Gabriel.
Enquanto ajudava a mãe a lavar a roupa no riacho, Ana sentia seus olhos seguirem o voo livre 
de um pássaro que desaparecia além das montanhas. Um desejo, um fermento de insatisfação, 
borbulhava em seu peito: o desejo de asfalto, de luzes, de um futuro que não fosse ditado pela 
enxada.
Helena, de rosto cansado, leu seus pensamentos sem precisar de palavras.
— Veja lá o sonho dela, voando por aí — comentou a mãe, sem erguer a cabeça.
— Não estou sonhando, mãe. Estou só... olhando — respondeu Ana, sabendo que a mãe 
compreendia a verdade.
Aproveitando a ausência do pai, ela lançou a isca de sua mentira:
— Mãe, a prima Célia me mandou uma carta. Ela diz que tem trabalho bom numa loja de 
tecidos na capital. Ela me convidou para passar uma temporada lá.
Helena, apesar de apreensiva, via nos olhos da filha a mesma chama de liberdade que ela 
própria havia tido na juventude. Contudo, Helício, ao saber da proposta, bateu o punho na 
mesa de madeira.
— Cidade é lugar de perdição, Ana Tereza! Lugar de vadiagem e de pecado! Mulher direita fica 
é no lar! — rugiu, irredutível.
 

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