Lucille

Lucille

.close my eyes and pass away.

16 janeiro Joinville/SC
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Disco Arranhado

Vejo-me velha, cheia de rugas permanentes
Mas não rugas idade, essas eu admiro
Falo de marcas internas, do vazio corrosivo
Algumas são profundas, outras arranhões
Ambas sangram, a distinção ocorre no hematoma.

Sinto a apatia das horas que passam lentamente
E fazem estrondoso barulho de trovões
O silêncio emite sons fortes, já não ouço
A leveza das árvores confundem meu destino
Plantando sementes de conforto, carinho
Não sei mais ser flor, sou pétala murcha
Ninguém regou.

O tempo brincou de dor, se escondeu e me levou
Despertei calada, aos berros
Só meus pensamentos me dão ouvidos
E eles falam, falam como nunca
Me dizem coisas que não quero ouvir
O barulho é tanto que me perco nas vozes.

Me encontro na multidão da minha casa
As paredes são belas companhias
Limpas, sórdidas, espertas
Elas são como eu
Guardam pinturas, cores, momentos
Hoje verdes, amanhã adeus
Rabiscos da infância, colas da juventude
Tabuada do oito, poemas de Drummond
Mesmo com toda a carga sobreposta por novos ares
Elas guardam tudo, e se renovam a cada pincelada
Sou uma parede de várias camadas.
E agora, mais velha ainda.






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