Isabel Pires

Isabel Pires

Amar o abismo da descoberta. Sem cair.

1964-01-30 Lisboa
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Mar

Há em ti a serenidade onde posso deitar a cabeça e ouvir a música de água. Aquela vibração dos búzios que me ofereceste na noite de marés vivas. Guardei-os na gaveta mais escondida do meu coração. Aquela que só tu conheces e vens refrescar com a espuma das ondas batidas nos rochedos da minha inquietação.
Há em ti a profundidade onde posso depositar os meus medos porque sei que vais procurar acalmá-los. Nas madrugadas silenciosas em que brindamos ao amor.
Há em ti sete braços macios e firmes para me envolverem.
Há em ti um lençol que acolhe os nossos corpos quentes e não deixa voar os beijos apaixonados.
Há em ti a transparência que busco desenfreadamente.
Há em ti um abismo e lonjura que me impedem de desistir.
Há em ti enseadas com os corais e estrelas da nossa infância. Aquelas grandes que às vezes víamos a secar. Lembras-te?
Há em ti um manto de doçura que nos cobre de sal nas tardes fatigadas de desejo.
Há em ti um porto de abrigo onde posso morrer descansada. Porque tu sabes amparar as minhas alegrias, tristezas, dúvidas e dores.


Costa do Estoril | Março 2017



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