Paulo Jorge

Paulo Jorge

A poesia fatalista e decadentista é um exemplo sublime da exaltação da morte em todo o seu esplendor, e desde sempre eu retiro satisfação pessoal deste saborear tétrico da vida.

1970-07-17 Lisboa
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Condição Humana



A peste desceu à cidade,
Insalubre e coberta de esterco,
Negra de cheiros nauseabundos,
Asfixia-nos o ar fétido fedorento.
Pragas de insectos corroem tudo,
Roedores pejados de pulgas,
Pululam nos despojos.
O fedor dos dejectos,
O urinol a correr,
Pela grande via abaixo,
O lixo omnipresente,
Em todo o lado, vaza das casas.
Consumir desregradamente,
Exponencialmente em vão.
Ainda ontem violavam,
Matavam e canibalizavam,
Hoje pavoneiam-se em frente,
Do espelho narcisista,
E esperam pelo paraíso,
à tardinha no ocaso da vida.
O prazo de validade expirou,
Há muito na ilha da Páscoa,
A praga humana instalou-se,
Nesta jangada de pedra,
Tal qual um formigueiro acéfalo.

Lx, 9-8-2010
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