Em cinzas

O choque,
O duro sabor da realidade,
Gosto de maldade e desilusão,
Uma pedra dura que depressa
Rachou os fios do meu coração;

Em cinzas ele se ficou
Quando te vi lá no alto,
De vestes, segurando-lhe a mão,
Enternecido, olhando-a
Com tamanha devoção;

E eu olhava-te com pesar
Entre as luzes da boate,
Desviando ruborizada quando,
Por descuido, o meu castanho Encontrava o teu chocolate;

Como se não te fosse ver mais
Queimava-te com o olhar,
Sem saber, derreti-me,
Quando dei por mim a chorar
Uma única lágrima para te consolar;

Eras o mais formoso e galante,
Por momentos de incoerência,
Vidrada em ti, no teu molde, pensei
Que tantos suspiros roubaste
Por entre todas que passaste;

E num momento de fraqueza,
Lá deixei eu que me maltratasses,
Que me fizesses ser a única
Com dor de não poder em ti ver
O que desejei anos que me pertencesse,
Que lutei em silêncio
Para que nunca se soubesse,
E porquê?
Que tal injúria bateu à minha porta,
Que me trás ira, tristeza
Que me põe morta,
Que me faz capaz de te culpar
Pela vida assim o ser,
Mas tudo volta
Com um novo conectar de olhos,
Vago, frio, distante,
As relíquias que tanto estimei,
Que me fazem ter vontade
De agarrar no que sinto e
Jamais repetir que algum dia te amei.

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