stellarprince

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Professor aposentado, poeta, escritor e consultor pedagógico.

1950-02-24 Campo Belo, MG, Brasil
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Primeiro Papagaio

O primeiro papagaio ninguém esquece!
Costumava ficar em frente à casa de minha bisavó na saída da cidade aguardando meu avô chegar com a camionete para irmos para roça.enquanto isso ficava num canto observando os meninos da Cidade soltando seus apagados coloridos.
Lá na cidade em que nasci em Minas Gerais assim como no Rio de Janeiro o que em São Paulo as crianças chamam de pipa lá é papagaio.
Eu ficava esperando a saída para a roça, muitas vezes, na caixa d' água admirando e sonhando um dia brincar assim como eles
Papai de longe estava a observar-me e sem eu perceber ele foi até uma mercearia e voltou com duas folhas de papel de seda uma vermelha e outra roxa. É um carretel de linha grossa num saquinho de papel e disse vou fazer um papagaio pra você quando chegar na roça.
Não me contive de tanta alegria, felicidade, ansiedade e anseio de chegar na fazenda e ver como papai faria.
Chegando papai ajudou vovó e mamãe descarregar e levar as compras que trouxeram e depois calmamente foi até a dispensa pegou um pouco de polvilho...(eu ainda sem saber pra quê) fiquei só observando...
Papai foi até a cozinha e preparou uma cola (grude) e eu ainda sem entender fiquei atento e observando que seria feito.
Papai chamou me até a copa desembrulhou as duas folhas de seda que trouxe da cidade e estendeu-as sobre a mesa no centro da copa.
Dispôs a folha roxa estendida primeiro na posição horizontal e em seguida abriu a folha vermelha posicionando-a na posição vertical abaixo e centralizando-sem baixo da primeira. Cuidadosamente passou cola na borda superior da folha vermelha para em seguida colara folha roxa formando um triângulo com o bico para baixo.
Até aí ainda estava sem entender o que seria feito.
Tomou-se o cuidado de estender as folhas bem estendidas e com o peso em cima para o vento não soprar para o chão.
Fui chamada para acompanhá-lote o terreiro em frente à cozinha. Papai tomou umas varetas de bambu,acho que já estava lá de propósito, e começou a raspar e deixá-las lisas e alinhada. Prontas foi até a mesa e mediu a maior a extensão de baixo até em cima e cortou no cumprimento certo e depois pegou a menor e mediu a extremidade horizontal da folha roxa e cortando na medida certa.
Mediu a vareta menor no meio certo marcando com lápis e calculou um ponto da vareta maior de modo que formasse uma cruz.
Feito estás marcações tomamos o carretel e partiu um pedaço de linha, mais ou menos um metro e cuidadosamente começou a amarrar as duas varetas em forma de cruz. Eu apenas observava atentamente a trabalho de papai.
Feito isso tomou novamente o carretel de linha e cuidadosamente amarrou a ponta superior da vareta a seguir procedeu da mesma forma em cada ponta até fechar a cruz.
A armadura do papagaio estava pronta. Colocada em cima das folhas antes coladas e com uma tesoura papai foi cortando as pontas e depois foi dobrando as bordas a com a linha por dentro colando cuidadosamente toda a lateral e com as pontas cortadas e guardadas foram feitas tirinha retangulares para colar sobre as varetas fixando as na folha. Logo faltava apenas o estirante pelo qual seria presa a linha que o levaria para o ar, para ó céus!
Assim foi que ganhei o meu primeiro papagaia. Não era pesado porém de altura era mais alto do que eu. As primeiras vezes papai ajudou me a colocar no alto, mas logo aprendi a pô-lo no céu e trazê-lo à terra.
Na fazenda não havia mais crianças para brincar portanto logo tornou um tanto monótono. Percebendo isso mamãe sempre atendia meu chamados para ir ver o papagaio lá no céu. Prontamente ela corria lá na frente da fazendo onde eu estava e ficava um pouca lá vendo e ensinando me mais diversão.
Dizia vamos mandar cartas para o céu. Pegava um pedaço de papel cortava em forma de círculos com um furo no cento contando um lado para colocá-lo na linha de modo que o vento rapidamente o empurrasse até estirante e subiu como inúmeras cata-vento. Assim passava horas por dia invertido com meu papagaio com o qual tinha maior zelo. Chegou a rasgar por esbarrar num galho ou noutro objeto mas logo aprendi a consertar e a brincadeira estava sempre garantida. Ao anoitecer guardava-o cuidadosamente no porão pendurado em lugar seguro.
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