stellarprince

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Professor aposentado, poeta, escritor e consultor pedagógico.

1950-02-24 Campo Belo, MG, Brasil
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Alguns Poemas

RMV - Rede Mineira Viação

Lembranças da velha estrada de ferro - Lembranças da velha estrada de ferro - RMV.
RUIM MAIS VAI
Rede Mineira Viação (que levava inscrito em seus vagões a sigla R M V ) é o nome da antiga ferrovia mineira que cortava as alterosas levando pessoas, gado, café e minérios. Conhecida pela sua deficiência mas querida pela tradição era carinhosamente chamada de Ruim Mais Vai. Só pra se ter uma idéia, um trajeto que hoje se faz em pouco mais de três horas, levava-se 12 horas com a velha Maria Fumaça que tranqüilamente cortava campos, colinas e montanhas enquanto uma nuvem de fumaça singrava os céus. Até o final da década de cincoenta reinava a Maria Fumaça, no alvorescer dos anos sessenta chegaram imponentes as primeiras locomotivas a diesel. Era comum o embarque e desembarque de gado nos vagões apropriados, de madeira pintadas de vermelha. A Estação Ferroviária era o lugar mais movimentado, à noite passava o "noturno" que vinha de São Paulo e ia até o norte de Minas. O seu apito era quase um aviso para a cidade adormecer, depois que se ia a cidade acabava de se aquietar e se preparar para o novo dia
Rede Mineira Viação (que levava inscrito em seus vagões a sigla R M V ) é o nome da antiga ferrovia mineira que cortava as alterosas levando pessoas, gado, café e minérios. Conhecida pela sua deficiência mas querida pela tradição era carinhosamente chamada de Ruim Mais Vai. Só pra se ter uma idéia, um trajeto que hoje se faz em pouco mais de três horas, levava-se 12 horas com a velha Maria Fumaça que tranqüilamente cortava campos, colinas e montanhas enquanto uma nuvem de fumaça singrava os céus. Até o final da década de cincoenta reinava a Maria Fumaça, no alvorescer dos anos sessenta chegaram imponentes as primeiras locomotivas a diesel. Era comum o embarque e desembarque de gado nos vagões apropriados, de madeira pintadas de vermelha. A Estação Ferroviária era o lugar mais movimentado, à noite passava o "noturno" que vinha de São Paulo e ia até o norte de Minas. O seu apito era quase um aviso para a cidade adormecer, depois que se ia a cidade acabava de se aquietar e se preparar para o novo dia

Acróstico para Meu Amor.


A mor que nasceu de uma hora para a outra
N o espaço virtual e se transformou em real
D entro de alguns meses nossos sonhos se uniram
R ealidades e fantasias se fizeram presentes
E dai por diante a felicidade invadiu nossas almas
Z elos, afetos, sonhos, conquistas, lutas nos cercam
A mor sempre e cada vez mais nos leva às realizações.

T emos ao nosso lado a alegria de nossos filhos
A té por coincidência ou destino os dois garotos
T êm o mesmo nome, Gabriel, nomes de nosso Anjo
I maginar nossas vidas sem eles seria tristeza.
A té nossas diferenças de idade não se faz sentir
N os sentimos apenas dois adolescentes afoitos
A viver cada minuto como se fosse o nosso último.

P ueril feição me cativou desde o primeiro instante
A nte seu sorriso maroto, seu corpo mulher-menina
I nclinei-me como um adolescente em busca de felicidade
V oltei aos meus anos de juventude e de encantos
A ndando a sorrir e a sonhar com dias melhores porvir.

D entre tantas mulheres - contigo encontrei o amor que sonhei,
E hoje sou muito feliz por isso quero poder retribuir tal dádiva.

O bstante a todas as dificuldades caminharemos sempre juntos
L embramos sempre nossos primeiros encontros virtuais.
I nfindo são nossos desejos, nossos afetos em nossos dia-a-dia.
V em amor, vamos de mãos dadas saudar o amor,
E a ele brindar na taça da felicidade o nosso encontro
I maginando o quanto ainda desfrutaremos deste amor.
R esselemos este amor a cada dia, a cada amanhecer
A gata, a pedra de poder e exuberância - seja o nosso símbolo.

Lembranças de vovó.

Nos anos cinqüenta, lá na roça, não havia energia elétrica, apenas lamparina com querosene ou azeite para iluminar a noite quando necessário.
Algumas fazendas, poucas na região, possuíam um gerador movido por uma roda d água, como o da fazenda de meus avós materno.
A usina ficava nos fundos da fazenda, cerca de uns seiscentos metros abaixo, era alimentado por água do córrego represado que fora desviado para que passasse no terreiro, do lado da cozinha.
Quando mudamos para lá este córrego possuía suas margens irregulares e havia um pequeno volume de água represado e muita água escapando pela sua margem esquerda antes de chegar à barragem.
Lembro-me de vovó chamar meu pai logo depois de nos acomodar e falar:
- Walter eu queria que você acertasse as margens do córrego e a barragem aqui perto do terreiro e arrumasse as caixas de comporta para (¹) moinho, para a (²) usina elétrica e a do (³) carneiro.
Vou pedir para os camaradas carregar pedras para você refazer a barragem e calçar as margens, onde esta com vazamento, ta bom!?
Papai sempre fora um homem zeloso, não era seu ofício, havia voltado há pouco tempo de São Paulo onde trabalhou vários anos numa Mercearia, mas disse que faria sim e logo começou o serviço.
Eu tinha quase dois aninhos e gostava de ficar observando o que papai estava fazendo.
Em poucos dias o serviço estava pronto.
Ah como papai arrumou tudo bonito, gora sim dava gosto ficar sentado ali nas margens, tomar aquela água límpida e fresca o dia todo.
Ouvir o barulho d’água transbordando sob a barragem de pedra. Deitar ali na margem direita do córrego sob a mureta construída pelo papai. Eu passava horas lá observando os pequenos lambaris e girinos que pareciam não se importar comigo ali e se divertiam naquela água límpida e calma.
Havia na margem esquerda três comportas, conforme disse anteriormente, uma para o (¹) moinho, outra para a (²) usina elétrica e outra para o (³) carneiro.
Quando a água não estava sendo utilizada por nenhuma destas comportas ela transbordava por cima da barragem de pedra que papai havia refeito cuidadosamente. E a água seguia seu curso córrego abaixo em direção a casa do monjolo e depois vazava grota abaixo recuperando seu curso de origem.
Qualquer curso de água sempre me fascinou, principalmente aquele córrego o qual saciava minha sede e mais tarde serviu para sustentar minha primeira jangada, feita de tronco de bananeira, na qual passava muito tempo subindo e descendo seu leito, passando pelas margens sombreadas por galhos verdes repletos de amoras deliciosas.
Vez e outra dividiam o espaço com algumas cobras d água ancoradas as margens do córrego. Vovó dizia que cobra d’água não faziam nenhum mal então eu não tinha medo.
Quando chegava o anoitecer era a vez dos sapos que vinham em grupo e dispostos para o concerto. Era uma cantoria só ! 
Lá da cozinha, no “rabo” do fogão me aquecendo e ainda proseando com vovó ficava a ouvir os sapos lá fora numa animação só!
O concerto começara o tenor prevalecia sobre os demais, era um som que parecia dizer:
“ - joaaaaaão.. cê vaiii ?
- vouuuu!
- joaaaaaão.. cê vaiii ?
- vouuuu!
Ah, havia também um sapo que emitia um som que parecia da bigorna, era o sapo ferreiro como chamávamos pois parecia estar sempre batendo com o martelo em sua bigorna.
E isto se repetia até a madrugada chegar ao meio de outros sons, coaxo e piado de aves noturnas quando esta orquestra não era quebrada por uma raposa, cachorro do mato a espantar as galinhas no galinheiro na tentativa de roubá-las.
Então vovó corria porta a fora em socorro das crias e depois de segura que afugentara os intrusos ela voltava.
Reinando a tranqüilidade vovó voltava a beira do fogão, vovô já havia recolhido em seu quarto e nós ficávamos conversando mais um pouco, geralmente eu como sempre perguntando as coisas para vovó e ela tranquilamente respondendo.
De repente ela se afastava ia até o armário que ficava na dispensa pegava uma taça de leite e dizia:
- Adarto (*¹)... bebe seu leite com farinha antes de dormir.
Pegava a (*²) taça com leite e farinha de milho e com uma colher tomava aquilo com gosto. Depois tomava a bênção e ia dormir.
No dia seguinte tudo se repetia!

(¹) moinho – consiste de uma pedra bruta medindo cerca de 1m de diâmetro por uns 20 cm de espessura, com um furo de cerca de de 15 cm de circunferência ao centro. 
Esta roda de pedra na horizontal sob um bloco plano de pedra girava triturando o milho que era colocado sobre o orifício central. Após moído o grão o mistura fina caia numa caixa que armazenava o produto. A Roda de pedra era movido por um sistema de engrenagem em combinação com a roda d’água. 
(²) usina elétrica = Um pequeno gerado (motor) movimentado por uma roda d’água que gera energia (contínua) elétrica.
(³) carneiro = uma esfera metálica com seu bojo oco que ao encher de água movimenta um pino criando um sistema hidráulico de elevar a água até um reservatório. Muito utilizado no interior de Minas e Rio de Janeiro.
(*¹) Adarto = é a maneira que vovó me chamava assim como os demais empregados (camaradas) lá da roça.
 

Morro da Onça.

Esta era a visão que se tinha da janela da sala e do quarto onde eu dormia na Fazenda da Mata. Passei boa parte de minha infância observando esta paisagem. Com certeza os melhores dias da minha vida.
Ao fundo imponente aparece o Morro da Onça, nome este devido ser muito comum a freqüência de onças pintadas e jaguatiricas por lá. Em minha infância cheguei a cruzar com algumas Jaguatiricas, mas onças pintadas só em estórias contadas pelo meu avô e pelos camaradas da fazenda. De vez e outra ouvia se dizer que alguma cabeça de gado havia sido atacada por uma onça pintada e o temor corria pela redondeza.
Esta foto foi tirada na década de setenta, mas posso garantir que antes dos anos sessenta o cenário era muito mais belo. Onde se vê as plantações outrora era ainda mata virgem, os cafezais se estendiam mais a direita. A mata original era linda e embelezava a paisagem e favorecia a uma rica fauna.
Mas atenho-me agora a falar mais precisamente do querido e saudoso Morro da Onça. Com freqüência costumava passar a cavalo numa trilha que cortava sua encosta esquerda ou de Jipe com meu tio ou meu avô. Era o caminho que levava à Fazenda do tio Orosimbo que ficava a uns 6 quilômetros da fazenda do vovô. Costumávamos revezar semana sim semana não íamos passar o domingo lá e as vezes acompanhava meu avô em suas idas a negócio com o tio Orosimbo.
Ao passarmos ao lado do Morro costumava ficar olhando para o seu topo e almejando o dia que eu pudesse subir até lá e poder observar os quatro pontos cardeais. Sabia que de lá poderia ter uma bela visão ao Sul das bandas do Rio Grande, do Porto dos Mendes e em destaque se via o Morro de Ponta, local em que meu avô morou quando mamãe era criança. Eu gostava de ir lá com meus avós. Era um lugar pitoresco. Do lado norte, bem distante se via no horizonte o delinear da cidade de Campo Belo esbranquiçada mesclando-se com o céu azul salpicado de brancas nuvens. Ao oeste se avistava a Fazenda da mata e ao Leste a Fazenda do vovô avistando-se a sede toda imponente ao pé do Morro dos Maias ou dos Pimentas.

Enquanto eu vivia meus primeiros anos de vida, minha primeira infância, não havia outro meio senão contemplar diariamente a beleza do Morro da Onça e sonhar com o dia que eu pudesse aventurar-me pelas suas matas e atingir a pedreira que cobria seu cume.
O tempo naquela época parecia não passar, demorava-se muito para chegar o final de semana, as festas de fim de ano, os aniversários. Eram dias intermináveis, parecia que o relógio era bem preguiçoso. Ao contrário de hoje.
Só sei que tudo acabou passando e quando percebi já estava morando em São Paulo e não via a hora de chegar as férias de meio do ano e as de final de ano para lá na Fazenda ir matar a saudade.
Nos primeiros anos que se sucederam, depois de estar morando em São Paulo, geralmente combinava com os meus primos para irmos juntos. Íamos eu, minha irmã Bernardete, as vezes o Pascoal também e lá nos reuníamos com a Raquel, a Juanita, a Jane, a Aríete, o Dalmo William e a Denise e deixávamos vovô bem nervoso com nossas aventuras. Os outros primos, Cida, o Antonio, o Rogelio geralmente não participava de nosso grupo lá na fazenda. Poucas vezes se reuniram a nós a não ser quando íamos todos para a cidade.
Na fazenda organizávamos os dias todos com muita aventura, escaladas de morro, nadar no açude (uma piscina natural adaptada num buraco de onde se retirava terra para fazer tijolos). E lógico começamos a planejar e executar nossas aventuras no Morro da Onça. A primeira vez que escalamos o Morro da Onça, levamos uma bandeira branca feita com tecido que pegamos lá da vovó, acho que um velho lençol. Ficamos orgulhosos em deixá-la tremulando lá no topo de uma árvore.
Levamos frutas e lanches para passar um bom tempo lá em cima, o dia todo. A subida fui um tanto cansativa, pois tivemos que ir a frente das meninas, eu, Pascoal e Dalmo William abrindo trilha e ajudando-as a passar pelas pedras que haviam no caminho. A encosta era toda ladeada de grandes pedras e vegetação rasteira sob as árvores. Haviam nos alertado sobre o perigo das Cascavéis que eram muito comuns naquele morro. Por isso a nossa primeira escalada foi de muito suspense e certo medo. Felizmente nem mesmo encontramos com nenhum tipo de réptil para nossa sorte e tranqüilidade.
Ao chegar ao topo, como imaginávamos, havia uma grande pedra formando uma laje, em certo declive claro, mas própria para organizar um belo piquenique vislumbrando um belo cenário. O dia estava quente, era pleno verão, mas a brisa que soprava lá em cima ajudava a refrescar um pouco o calor que sentíamos. A água que levamos estava no fim, o que valeu foram as laranjas e mexericas que levamos conosco.
Pudemos observar e saborear aquele cenário maravilhoso. Viam-se as estradas, os trilhos que cortavam os campos verdes, as casa dos camaradas, as fazendas ao longe se destacavam das casas dos camaradas que pareciam todas minúsculas. Os trilhos formados pelo gado que contornavam o vale desenhavam linhas sinuosas que serpenteavam todo o morro lá em baixo levando o gado até a grota onde iam matar a sua sede.
No topo do morro mal podíamos ouvir algum ruído daquelas casinhas lá em baixo na colina, apenas o barulho do vento e o canto dos pássaros.
Bom seria ter uma casa construída lá no topo. Como seria bonito ver o nascer e o por do sol de camarote todos os dias. Observar qualquer pessoa, animal, ou veículo que se aproximasse vindo de algum ponto. Lá de cima podia se ter uma visão privilegiada dos quatro quantos, que maravilha. Mas o sol se adiantava e começava a dar sinal de fim de dia. O pessoal lá na fazenda devia estar apreensivo conosco, tínhamos que apressar nossa descida. Por isso levantamos, com pesar e começamos a descida, mas já planejando outro retorno ainda naquelas férias.
A volta foi tranqüila, ainda deu para parar no pé do morro e apanhar algumas mangas deliciosas e ir saboreando-as enquanto caminhávamos. Chegando a fazenda estávamos todos felizes a contar a nossa façanha e a descrever a beleza que se vê lá de cima para mamãe e a vovó que ouviam atentamente e admiradas. A hora do jantar se aproximava e deixamos as meninas irem para o banho primeiro ficando nós os homens para o final.
Outras escaladas foram planejadas e executadas naquelas férias e em outras. Sempre foi com a mesma alegria e aventura, mas, a que mais marcou foi a primeira vez que lá estivemos. Esta ficou na memória de todos nós e ainda posso sentir aquele vento, e parece que ainda estou vendo toda aquela paisagem a minha frente.
Tudo parece ter mudado, a Fazenda da Mata onde vivi meus melhores dias da infância não é mais como era, a Fazenda do tio Orosimbo, também acho que não mais existe, mas o Morro da Onça, este sim, está lá do mesmo jeito imponente observando tudo e a todos a seu redor. Apenas sofreu com a derrubada da mata ao seu pé, foi o que pude observar em minha última vista dele.
Ah que saudade sinto de minha terra natal... saudade do Morro da Onça de minha infância!

Inocência na luz vermelha

Chegara as tão sonhadas férias. Eu tinha meus 15 anos, estava estudando no Seminário em Itajubá, Sul de Minas Gerais. Só visitava minha família nas férias.
No meio do ano eram pouco mais de 15 dias então passava em São Paulo com meus pais e irmãos. Mas as férias de final de ano, as mais esperadas ia para São Paulo e depois de ficar alguns dias com meus pais, geralmente depois do Natal ia com minha mãe e meus irmãos para a cidade natal, Campo Belo.
Revia os primos, os tios, e a maior parte do tempo queria passar na roça, na fazenda com meus avós. Como eram gostosos estes dias que lá passava.
Finais de semana íamos todos para a cidade, não que eu gostasse, pois na fazenda era muito mais divertido, mesmo quando só eu estava lá. Andava a cavalo, nadava muito, escalava morros e sem falar na fartura de frutas que lá havia.
Quando estava na cidade costumava passar algum tempo em companhia dos primos e principalmente do Nardinho, um primo em segundo grau, mas para mim todos eram primos. Ele era um pouco mais velho que eu e costumava me levar para um restaurante em frente a Praça da Matriz, esquina com a Afonso Pena e lá entre conversas e animação íamos saboreando um torresminho e tomando uma cerveja. Não estava acostumado a tomar cerveja, mas pela sua insistência eu o acompanhava.
Nardinho era uma destas pessoas que conhecia todos da cidade e apresentava-me a todos os seus amigos.
Certo dia ele disse-me - hoje a noite passo na casa da vó Anita para te pegar, quero levá-lo a casa de uma amiga.
Como eu gostava da companhia do primo não poderia recusar o convite.
A tardezinha, já anoitecendo fomos nós em direção a Estação Ferroviária à visita combinada.
Chegamos a uma casa próximo a Estação onde ele foi entrando e cumprimentando a todos.
Entramos por uma sala ampla, com algumas mesinhas e cadeiras onde algumas pessoas conversavam, geralmente casais. Logo encontrou uma moça a qual fui apresentado.
- Este é o Adauto, meu primo ele está estudando no Seminário - disse ele a moça.
Em seguida me vi sentado a uma mesinha com aquela moça que começou a conversar comigo e a perguntar-me sobre a vida lá no Seminário. Como era, o que eu fazia, etc...
Logo notei o desaparecimento do meu primo e continuei lá naquela sala em penumbra, havia algumas lâmpadas vermelhas tornando o ambiente um tanto reservado.
Não faltaram assuntos, a moça parecia curiosa a perguntar-me sobre o meu dia a dia e eu calmamente e inocentemente continuei a responder a tudo até que começou a faltar-me assunto e ela já meio sem graça também silenciou. Vez ou outra lançava-me um olhar e um sorriso.
Indaguei-me sobre o Nardinho, onde teria ido e ela calmamente me acalmou dizendo que logo estaria lá de volta. Tratou de reforçar o prato de petiscos e pedir mais cerveja.
Já se fazia tarde, minha ansiedade e meu desconforto ali aumentava.
Foi ai que surgiu o Nardinho acompanhado de outra moça que da mesma forma da primeira apresentou-me como seu primo que estudava no Seminário.
Perguntou a minha anfitrião se gostou de mim, esta respondeu que sim meia encabulada também.
Despedimos-nos e fomos para casa, minha mãe e minha avó devia já estar preocupadas comigo.
Caminhamos meio em silêncio sem ao menos comentar sobre a visita e cada qual foi para sua casa como se nada tivesse acontecido.
Minha mãe e minha avó nada perguntaram e logo fui para o meu quarto ainda sem saber exatamente o que era aquele lugar que conhecera. Achara sim um tanto estranho, pois a casa apesar de pessoas aparentemente felizes, comendo e bebendo, achei-as um tanto frias para ser uma casa e de amigas do Nardinho.
Passou-se um ou dois dias... pude ouvir a tia Arlete - que era uma daquelas pessoas alegras com uma risada contagiante e forte - contar para o tio Juarez, outras tias e amigas que o Nardinho havia me levado a Zona.
Foi ai então que compreendi o motivo daquele convite. Mas continuei na minha inocência sem ao menos ter deixado ser iniciado.Fiquei morrendo de vergonha, encabulado e evitei confrontar-me com os tios por um bom tempo, se contaram para minha mãe não sei, porque nunca ouvi comentário por parte dela.
Nunca mais falamos sobre o assunto e muitos anos se passaram, mais de 40 anos, outro dia comentei o episódio pela primeira vez com o Nardinho durante uma conversa com ele, no Messenger, visto que mora em Brasília desde aquela época e nunca mais o encontrei, somente agora pela internet.
- Ah, isso não foi nada, das coisas que eu aprontava esta foi a menor. - disse-me ele !
.
Sou um viajante do tempo, em busca de meus sonhos; na minha caminhada costumo ser alegre... rio, choro, me emociono com o olhar de uma criança, com o brilho do sol, da lua; o cantar dos pássaros. Sou um simples mortal que acredita na imortalidade da essência do Ser, do espírito . . As coisas que eu gosto? ... são as mais simples que existem. Gosto de ver o sol nascer, se por... ver a lua bailar no infinito espaço, e as estrelas enfeitando o manto negro e majestoso da noite... (e só de pensar que viemos e iremos ainda para alguma delas, chega a dar saudade ... !) Ver o rio correr tranqüilo seguindo seu curso sem reclamar, ouvir o sussurro do vento, o som dos pardais ao entardecer, o sorriso de uma criança, a sensualidade feminina, e tantas outras coisas mais que nos rodeiam!Como eu vejo as pessoas? ... Vejo as todas companheiras de viagem, indo em busca de algo; são viajantes das mais diferentes origens, oriundas de algum lugar do Universo e na maioria das vezes perdidas sem saber para onde irão e o que buscam ! Isto é triste! Sonhos ? ... sou um eterno sonhador ! " Sei, que n'algum lugar, muito além dos horizontes... nossos sonhos realmente acontecem! " Vou-me embora para PASARGADA , sonho de todo poeta, ir se embora para Pasárgada,..... Sinto-me privilegiado possuidor das chaves deste lugar, entretanto, sei que nada vale a pena se não for fruto de nosso próprio esforço... Do que adianta ser amigo do rei, ter tudo que se imagina e não ser feliz ? Prefiro seguir meu caminho, colhendo todas as pedras que encontro na estrada e utiliza-las para meu caminhar. Quem quiser ... acompanhe-me e caminhemos juntos!
Diones
Esse escrito me fez lembrar a minha amada! Gostei muito. Parabéns...
05/novembro/2018

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