mesquita

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Brasileira. Leitora apaixonada. Poeta ocasional.

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Sobre acordar

abro os olhos na periferia de Teresina
que fica num estado distante de um país subdesenvolvido 
vejo meu negro pai fervendo o café
você vai chegar atrasada de novo
acordo no banho 

chego na parada de ônibus 
pessoas negras estão ao meu lado
hoje tá quente, né?
já passou o miguel rosa?

entramos na lata
apressados, suados e negros
quer que eu segure a mochila? 
obrigada

desço com os pretos 
uma mulher entra na farmácia onde trabalha
um homem entra no bar onde bebe
uma criança entra no próximo ônibus para vender mais doces
me vejo só

entro na universidade com um menino
ele entra na sala de enfermagem
chego ao corredor da medicina 
mais uma vez estou só

é tudo muito branco
muito antigo
e muito constante 
vejo novamente meu pai quando chega do serviço.
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ivandsk
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10/janeiro/2019

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