Patricia Macedo
…escrevo historias desde os meus sete anos e delicia-me isto... em cada poema contar uma historia por mim inventada.
1973-05-04 Lisboa
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Minha querida Félix
Pelos largos campos te vejo no sonho a correr ao anoitecer,
Teus negros cabelos encaracolados a esvoaçar no vento
Corres, choras, ofegante cansada, desesperada, sempre a sofrer
Não interessa a hora, ou o dia ou o mês, que interessa o tempo?
Dona da inocência, da bondade e simplicidade
Dona de delicadeza, timidez e educação
Bordavas, costuravas, dominavas todas essas artes á mão,
Fada doce dona da magia, dona do amor e da saudade.
Falar-te-ia, hoje, sobre os fatos para as bonecas que fizemos,
Sobre as lantejoilas no lindo vestido de bailarina,
Sobre as brincadeiras, canções e meus protestos,
Sobre os sons da tua rua que mais nenhuma rua tinha.
Mas e os cozinhados avó? Ai que iguarias delirantes! Ainda as sei!
Sei sim… o cheiro e o sabor e a beleza dessas requintadas delicias,
Essa arte que nascia entre conversas, risos, lágrimas e confidencias,
Com paciência, com talento, sempre fada, irmã, esposa e mãe.
Tua neta Patrícia
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