Amanda Silva

Amanda Silva

"Seus ares de demônio depositam-se na face. Tão logo é o desastre: a profusão da tempestade e do pouco que se sabe ou se entende por mulher."

1990-07-22 Parnaíba, Piauí
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Tempestade no Terraço

A previsão para o fim do dia era de sol
Mas o vento forte que invadia o quarto
Denunciava que o tempo estava formado
Tiro as roupas do varal
Fecho todas as janelas
Confirmo que o celular está carregado
E separo por precaução um maço de velas
Pronto
Estou segura para enfrentar a tempestade
Pensei que desfrutaria dessa sensação
Mas que nada
A sombra dos meus quase trinta anos
Nunca me deixa em paz
É companhia constante, renitente e curiosa
E agora quer saber o que causa esse meu medo da chuva
Não tenho nada certo pra responder a essa provocação
Mas palpites esses tenho aos montes
Podem ter sido os comprimidos que já tomei
As doses de álcool que invadiram meu sangue
Os amigos eternos de uma semana
As horas livres convertidas em trabalho
Ou todas as decepções amorosas
Esse coquetel que é a vida adulta
Tem um efeito colateral desgraçado
Que destrói a cada novo gole
Um pouco da coragem que era tão nossa
Nos tempos de criança
Querem saber
Hoje vou esperar a tempestade no terraço
E quando ela cair vou sair e andar pela calçada
Ignorando os desejos da minha sombra
E os olhares de julgamento de quem no conforto de casa
Desfruta em belos cálices o sabor insosso da vida adulta
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