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Patrick Kavanagh ou, em gaélico, Pádraig ui Caomhánaigh, nasceu em 1904, na pequena Inniskeen (ou Inis Caoin, que em gaélico significa "ilha pacífica"), na província do Ulster, norte da Irlanda. Publicou o primeiro livro em 1936, a coletâneaThe Ploughman and Other Poems. Em seguida, viria a lumeThe Great Hunger (1942), um de seus trabalhos mais conhecidos, um belo poema longo que acabou banido pelo Ministério da Justiça de seu país, por ser considerado ofensivo à igreja católica.
Clay is the word and clay is the flesh
Where the potato-gatherers like mechanised scarecrows move
Along the side-fall of the hill - Maguire and his men.
If we watch them an hour is there anything we can prove
Of life as it is broken-backed over the Book
Of Death? Here crows gabble over worms and frogs
And the gulls like old newspapers are blown clear of the hedges, luckily.
Is there some light of imagination in these wet clods?
Or why do we stand here shivering?
Which of these men
Loved the light and the queen
Too long virgin? Yesterday was summer.
(fragmento inicial do poema-em-sérieThe Great Hunger, de Patrick Kavanagh)
Kavanagh é um dos poetas mais populares da Irlanda, e alguns de seus poemas tornaram-se canções, como é o caso de "On Raglan Road", que, no vídeo abaixo, podemos ouvir na voz do próprio Patrick Kavanagh e então na voz de Luke Kelly, que musicou o poema com sua banda The Dubliners.
On Raglan Road
Patrick Kavanagh
On Raglan Road on an autumn day I met her first and knew
That her dark hair would weave a snare that I might one day rue;
I saw the danger, yet I walked along the enchanted way,
And I said, let grief be a fallen leaf at the dawning of the day.
On Grafton Street in November we tripped lightly along the ledge
Of the deep ravine where can be seen the worth of passion's pledge,
The Queen of Hearts still making tarts and I not making hay -
O I loved too much and by such and such is happiness thrown away.
I gave her gifts of the mind I gave her the secret sign that's known
To the artists who have known the true gods of sound and stone
And word and tint. I did not stint for I gave her poems to say.
With her own name there and her own dark hair like clouds over fields of May
On a quiet street where old ghosts meet I see her walking now
Away from me so hurriedly my reason must allow
That I had wooed not as I should a creature made of clay -
When the angel woos the clay he'd lose his wings at the dawn of day.
Kavanagh está entre os poetas modernistas que se mantiveram, em certos aspectos, ligados à linguagem e à vida de sua província, algo como o brasileiro Carlos Drummond de Andrade, o americano William Carlos Williams, o espanhol Antonio Machado ou o italiano Guido Gozzano, o que os torna bastante conhecidos em suas comunidades linguísticas mas os mantém obscuros para a narrativa crítica oficial do chamado "Modernismo Internacional", que privilegiou a dicção tida como "cosmopolita", ou, digamos, "urbana" e "metropolitana" de poetas como Eliot, Ungaretti ou Apollinaire. No volumeDa Poesia à Prosa (São Paulo: Cosac Naify, 2007), o crítico italiano Alfonso Berardinelli argumenta em favor da modernidade destes poetas "da província", no interessante ensaio "Cosmopolitismo e provincianismo na poesia moderna", tecendo seu "elogio do provincianismo" ao discutir poetas italianos como Marino Moretti e Guido Gozzano, com implicações interessantes também para uma discussão da poesia brasileira moderna.
Patrick Kavanagh publicou ainda as coletâneasA Soul For Sale (1947),Come Dance with Kitty Stobling and Other Poems (1960) e reuniu seus poemas em 1964, no volumeCollected Poems. O poeta morreu em Dublin, em 1967.
Abaixo, uma tentativa de tradução e o original de "Inniskeen Road: July Evening", um dos textos mais conhecidos de Patrick Kavanagh.
--- Ricardo Domeneck