Pedro Oom
Pedro dos Santos Oom do Vale foi um escritor e poeta surrealista português. Inicialmente ligado ao neo-realismo, ingressou, no final da década de 40, na corrente surrealista, participando das actividades do Grupo Surrealista de Lisboa e também do anti-grupo "Os Surrealistas". Foi o mentor da teoria do Abjeccionismo, redigindo em 1949 o Manifesto Abjeccionista, texto que se perdeu.
1926-06-24 Santarém
1974-04-26 Lisboa
5875
0
3
Alguns Poemas
Biografia
Videos
Livros
Um dia escrevi uns versos que depois perdi. Diziam algo como "deixei de ser para me tornar / de fingir para ser". E quando hoje me propus a escrever sobre Pedro Oom e o Surrealismo na poesia portuguesa do século XX, esses versos voltaram à minha cabeça como que encaixando naquilo a que me propunha explanar. O Surrealismo é isso: um deixar de ser, um novo tornar, um fingimento que é um não-fingimento, uma vez que abre novos caminhos para o ser carnal e espiritual. Em Portugal, mercê do momento mais tardio em que chegou, os surrealistas tiveram a natural inteligência de fazer a sua experiência mais moderada, se quisermos mais mitigada. Creio que esta característica teve o condão de tornar os poemas mais "palpáveis" ao leitor comum, concretizando mais os versos, ao mesmo tempo lhes dando um perfeito equilíbrio. E tanto é assim que a influência deste surrealismo poético se mantém, ainda que poucos críticos de poesia em Portugal o tenham sabido dizer. Veja-se por exemplo o poema "exercício espiritual" de Mário Cesariny para se perceber a influência (propositada ou não) num poema como "Errata" de um jovem poeta como Manuel de Freitas. Muitos exemplos se sucederiam para se dizer do tempo que surrealistas como os dois já citados marcaram, bem como outros poetas do surrealismo: António Maria Lisboa, Mário Henrique Leiria, Henrique Risques Pereira, Maria Estela Guedes, Alberto Pimenta, Cruzeiro Seixas, e mesmo poetas mais híbridos como Herberto Helder, Alexandre O'Neill ou Natália Correia, entre outros.
Pedro Oom nasceu em Santarém, Portugal, em 1926. Inicialmente estando ligado ao neo-realismo, encetou em Portugal o Surrealismo, conjuntamente com Mário Cesariny, António Maria Lisboa e Mário Henrique Leiria. A sua obra, dispersa por jornais e revistas, foi reunida após a sua morte no livro Actuação Escrita, lançado em 1980 pela editora & etc. Os poemas de Pedro Oom estão impregnados de uma ironia insólita, por vezes com um toque de humor (pode-se ver pelos títulos escolhidos para alguns dos poemas), demonstrando uma preocupação pelo estado de coisas de um Portugal em constante mudança e por vezes sem esperança, e mostrando as gentes e os seus vícios. Morreu em Lisboa, em 1974.