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Robin Blaser nasceu em Denver, Colorado, em 1925. Em 1944, o poeta matricula-se na Universidade de Berkeley, onde viria a conhecer duas figuras determinantes, não apenas para sua vida pessoal, como para a poesia norte-americana do pós-guerra: Robert Duncan e Jack Spicer. As atividades dos três poetas, que viriam a produzir corpos poéticos bastante distintos entre si, no final dos anos 40 levariam este pequeno grupo a ser conhecido como Berkeley Renaissance. Com Duncan e Spicer, homossexuais como o próprio Blaser, o grupo iniciaria ainda um trabalho bastante combativo de pesquisa poética do gênero,gender/genre. No mesmo ano em que Blaser chega a Berkeley, Duncan publica o controverso ensaio "The Homosexual in Society".
Ao se mudarem para San Francisco, já nos anos 50, os três poetas unem-se aos autores que se arrebanhavam na cidade, advindos de muitos grupos e cidades diferentes, unidos em geral pelo contato com um mentor comum, o poeta Kenneth Rexroth. San Francisco se tornaria, ao lado de Nova Iorque e da pequena comunidade universitária em North Carolina, aBlack Mountain College, um dos centros de atividade poética americana no pós-guerra imediato, com a geração de poetas (muitos deles nascidos entre 1925 e 1927), que inclui poetas como Allen Ginsberg, Robert Creeley, Frank O´Hara e John Ashbery, geração que primeiro ganharia notoriedade em 1960, com a mais famosa antologia do período, intituladaThe New American Poetry 1945 - 1960, editada por Donald Allen. Estes jovens poetas, àquele momento por volta dos trinta anos, com o incentivo de poetas mais velhos como o já citado Kenneth Rexroth e ainda Charles Olson, propuseram a retomada das pesquisas est-É-ticas de poetas modernistas como Gertrude Stein, Ezra Pound e William Carlos Williams (este último estava praticamente esquecido naquele momento), contra a est-É-tica centrada nas figuras de T.S. Eliot e W.H. Auden e teorizada por aqueles que ficaram conhecidos comoNew Critics. Poetas como Robin Blaser, Jack Spicer, Frank O´hara, John Ashbery, James Schuyler ou Allen Ginsberg, recusaram a poética do "orgânico e bem-acabado", preferindo o que se convencionou chamar de obra de arte aberta ou o que, nas palavras de Marjorie Perloff, passou a ser chamado de "poética da indeterminação".
Outra caracterítisca do debate entre os grupos poéticos daquele momento, em território norte-americano e língua inglesa, pode iluminar certos aspectos do nosso debate, em território brasileiro e língua portuguesa: enquanto os poetas "eliotianos" (um exemplo seria Robert Lowell), defendidos pelosNew Critics, propunham uma poética que poderíamos chamar também de trans-histórica, que os levava a produzir uma poesia neosimbolista e baseada fortemente na metáfora (como é o caso de alguns poetas brasileiros contemporâneos, ainda que reunidos sob outra neo-alcunha), os poetas reunidos por D. Allen, naNew American Poetry, baseavam-se em trabalhos comoThe Pisan Cantos, de Pound, ou no trabalho de William Carlos Williams e Gertrude Stein, para produzirem uma poesia fortemente consciente de seu momento histórico, com uma linguagem que expunha o poeta, de forma honesta, como compositor, através da linguagem, de uma realidade coletiva, conscientes, em minha opinião, do que escreveu Stein na "Composition as explanation":
"A única coisa que é diferente de um tempo para o outro é o que é visto e o que é visto depende de como todo mundo está fazendo todas as coisas. Isso faz a coisa para a qual estamos olhando muito diferente e isso faz o que aqueles que a descrevem fazem dela, faz uma composição, confunde, mostra, é, olha, gosta do jeito que é, e isso faz o que é visto como é visto. Nada muda de uma geração para a outra geração exceto a coisa vista e isso faz uma composição.
Agora os poucos que fazem a escrita como é feita e é para ser observado que os mais decididos deles são aqueles que estão preparados por preparar, preparados tanto quanto o mundo deles está preparado e se prepara para fazer dessa forma e assim se você não se importa vou novamente dizer como acontece. Naturalmente não se sabe como aconteceu até que já tenha começado por um bom tempo a acontecer.
Cada período da vida difere de qualquer outro período da vida não em como a vida é mas em como a vida é conduzida e isso falando autenticamente é composição. Depois da vida ter sido conduzida de um certo modo todo mundo sabe mas ninguém sabe, pouco a pouco, ninguém sabe desde que ninguém saiba. Qualquer um criando a composição nas artes não sabe também, estão conduzindo a vida e isso faz a composição deles o que é, faz a obra deles se compor enquanto se faz."
--- Gertrude Stein, "Composition as explanation", tradução de Andréa Matheus.