Rubem Braga

Rubem Braga

Rubem Braga foi um escritor lembrado como um dos melhores cronistas brasileiros. Era irmão do poeta e jornalista Newton Braga.

1913-01-12 Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, Brasil
1990-12-19 Rio de Janeiro, Brasil
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Prémios e Movimentos

Jabuti 1994

Alguns Poemas

Retrato do Time

No primeiro plano vê-se a linha intrépida
Em posição de repouso vigilante
Ajoelhada sobre o joelho esquerdo,
Prestes a erguer-se
Uma vez batida a chapa
E atacar com ímpeto.

A defesa está atrás, de pé pelo Brasil.
Esse de gorro era nosso melhor elemento
Lembro que nesse jogo Nico foi expulso de campo.
Injustamente pelo juiz.
Porém não antes de marcar seu "goal".
Esse mais gordo chamava Roberto Vaca-Brava.
Nosso "center-half", homem aliás capaz
De jogar em qualquer posição... Quer ver? Me lembro:

Joca, Liberato e Zico,
Tião, Roberto e Sossego,
Baiano, eu, Coriolano, Antonico e Fuad.

Era um onze imortal
Como aliás se nota nessa fotografia
Nessa chuvosa tarde antigamente heróica eternamente
Em que empatamos porém foi nossa a vitória moral.

E olhando o retrato
Olho especialmente o meu:
Um rapazinho feio, de ar doce e violento
Sobre o qual disse o jornal:
"O valoroso meia-direita."
E com toda razão, modéstia à parte.
Esse alto, nosso "keeper" Joca Desidério
Quando a linha fechava ele gritava para os "backs" —
Sai tudo, sai da frente — e avançava na linha.

E chorava de raiva quando a bola entrava.
Mais tarde, por causa de um italiano, ele se fez assassino
Mas com toda razão, segundo me contaram.

Alviverde camisa do Esperança
do Sul Foot-Ball Club, conhecido
Como os capetas verdes — somos nós!

Nós todos envergando essas cores sagradas
E no coração dentro do peito cada um tem uma
[namorada na bancada,
Cada um menos um.
Era Fuad, que não interessava a ninguém,
E morreu tuberculoso sacrificado de tanto correr na
[extrema
É esse aqui, de nariz grande, esse turquinho feio.

1946


In: BRAGA, Rubem. Livro de versos. Il. Jaguar e Scliar. Pref. Affonso Romano de Sant'Anna. Posfácio Lygia Marina Moraes. Rio de Janeiro: Record, 1993

Poema em Ipanema, numa Quarta-Feira sem Esperança

Podias ir à proa de barcos antigos
Cortando ventos salgados
Com espumas fervendo em teus seios de virgem
Figure étroite en proue de bâtiment
Galga esgalga
Lili

És menina nos bicos dos seios e
na pevide do sexo —
estranhamente pequenos os três,
como botões de irrevelada flor.
És menina na voz tímida, saccadée,
Nervosa e doce.

És mulher na arquitetura de teus braços
longos como asas de ave do mar
na ousada arcadura de teus ombros
na firmeza de tuas coxas e na longura
nobre de tuas pernas.

De todas as primas feias da roça que eu já tive
és uma insensatamente linda.
Gostaria de ver-te em um vestido de chita —
entretanto desenhado por Chanel —
úmido nos seios e nos lombos
porque terias saído de um banho de rio
descalça, com um pouco de lama e areia
entre os artelhos
Teus olhos luzindo na sombra do bambual
eu te daria pitangas de sangue
jabuticabas de um negrume azul com
a polpa de um branco azul —
cor elusiva — como és —
e cajus, sapotis.
Te ensinaria nomes de passarinhos de nossa terra mas
não prestarias atenção e eu
te amaria de um amor tão complicado apaixonado
brasileiro e chato
que sumirias de mim em uma esquina de Saint-Germain
deixando-me apenas de lembrança a úlcera de teu
[estômago
doendo e ardendo para sempre em meu desatinado
[coração,
Lili.

Rio, 1963


In: BRAGA, Rubem. Livro de versos. Il. Jaguar e Scliar. Pref. Affonso Romano de Sant'Anna. Posfácio Lygia Marina Moraes. Rio de Janeiro: Record, 1993
Rubem Braga (Cachoeiro de Itapemirim ES, 1913 - Rio de Janeiro RJ, 1990) estreou na imprensa em 1928, com participação no jornal Correio do Sul, fundado pelos seus irmãos Jerônimo e Armando em Cachoeiro de Itapemirim. Mudou-se para Belo Horizonte MG, em 1931, onde passou a colaborar no Diário da Tarde. Em 1932 fez a cobertura da Revolução Constitucionalista pelos Diários Associados. Ainda na década de 1930, trabalhou como repórter e cronista para periódicos como Diário de São Paulo e Folha da Tarde, entre diversos outros. Fundou a Folha do Povo, em 1935, em Recife, e a revista Diretrizes, no Rio de Janeiro, em 1938. Entre 1944 e 1945 foi correspondente do Diário Carioca durante a Segunda Guerra Mundial, acompanhando a Força Expedicionária Brasileira na Itália. Em 1946 foram publicados seus poemas Senhor! Senhor!, Poeta Cristão, Adeus e Tarde (este último tradução de poema de Nuñez Aguirre) na Antologia de Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos, organizada por Manuel Bandeira. Nos anos seguintes foi cronista do Correio da Manhã, O Estado de S. Paulo e revista Manchete, além de colaborador em outros periódicos. Criou, com Fernando Sabino, a Editora do Autor, em 1960, e a Editora Sabiá, em 1967. Foi embaixador do Brasil no Marrocos, entre 1960 e 1963. Integrou a equipe de jornalismo na TV Globo no período de 1975 a 1990. Rubem Braga, que fez algumas incursões pela poesia, é considerado por muitos estudiosos o maior cronista brasileiro. Seus poemas vinculam-se à segunda geração do Modernismo.
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