Variações
De novo,
Me vem à alma essa fome de palavras
Que não existe em mim.
Essa busca envolvida na tão companheira insônia.
Vazio repleto de ânsia.
Pelo quê?
Mundo?
Vida?
E é sempre o amor que vem de mim.
Por mim,
Pela minha alma.
Não existe outra base.
Acabo de ver Rimbaud.
Todos os escritores deveriam nascer mortos!
Será a felicidade,
Exatamente escondida,
À espera do bote,
Atrás da loucura, insanidade d’alma?
Me vejo em tantas coisas, lugares.
Principalmente palavras e sentimentos alheios.
Dentro de loucura, depressão, tristeza...
Sempre isso.
Não muda.
E é sempre a mesma fome por o desconhecido.
Vontade de falar o que não sinto.
Mostrar e fazer brilhar no coração do mundo
A minha ever confusa pessoa.
Tão cheia de teorias
Que nunca acham o caminho da prática.
E o desespero não vem!
Será você o meu anjo,
que dorme agora?
Essa fúria de pensar...
Mas não me sai nada
E o coração já não agüenta.
Precisa de ar.
O frio lá de fora não me atinge a alma nesse segundo.
Parado no tempo
Sei que não resiste.
É muito!
E com toda esta fome o medo não vem.
Estou só (sem ele)
Pela mesma sentença de sempre.
Carregar a fome das palavras nas costas
E devorá-las sem tomar.
Nem eu vejo.
É ato superior.