Brumas

Via-te
chegar de manso
ao compasso da manhã
ainda coberta de
brumas

Via-te chegar
carregando luz aos cachos
no cabelo
e nos olhos o espanto,
sinal dos que olhando
acordam

Vinhas ao meu encontro,
serena, dir-se-ia
mas a tua alma, do signo da inquietação
espelhava-te sem o saberes

E ali quieta, olhando-me
com a impaciência
de quem carrega esperas,
procuravas no fundo de mim
o que lá não estava
e assustada
repelias o meu silencio.

Via-te partir
com mansidão igual à chegada
como se entre o chegar e partir
não existisse senão
o minúsculo "e" que os separa
Não sei bem
se partias ou ficavas
no fundo do fundo
que não vias em mim.

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