João Cabral de Melo Neto

Asperamente, na acepção
exata não de ainda úmida
pedra, mas de verso sem metro
fácil nem rima de costume,

João fala concreto armado
até os dentes cuja acústica
fere o ouvido não como lâmina
de faca, mas palavra justa,

num ritmo todo arestas onde
sopesa a flor durante a faina
para agarrar à unha o touro,
trazê-lo ao Recife, de Espanha,

pois, apto a despertar sentidos
dormentes, torná-los intensos,
raio X ele ensina aos cinco
e, ademais, à mudez, silêncio.


In: ASCHER, Nelson. O sonho da razão. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993. p.7
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