Teófilo Dias
Teófilo Odorico Dias de Mesquita foi um advogado, jornalista e poeta brasileiro, sobrinho de Gonçalves Dias e patrono na Academia Brasileira de Letras.
1854-11-08 Caxias, Maranhão, Brasil
1889-03-29 São Paulo, São Paulo, Brasil
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Aspiração
No espaço, em cada ser, que um centro atraia e prenda,
Há sempre o despontar de uma asa, que o suspenda.
Ascender! Ascender! — dizem todas as cousas,
As estrelas nos céus, os vermes sobre as lousas.
É o hino, que tudo, em sôfregos suspiros,
Canta: — férvida a fonte, em sinuosos giros,
Sobre pedras quebrando o trépido carinho,
A ave, inquieta e meiga, em volta do seu ninho,
O ninho sob o ramo, o ramo sob as flores,
As flores no perfume, — e a gruta nos vapores
Que em frouxas espirais às amplidões alteia.
A vida não se esgota, e vai perpetuamente
Do esboço às perfeições, harmônica, ascendente.
O imóvel não existe. A floresta pompeia
O luxo exuberante, a gala festival,
A verdura febril, do mundo vegetal.
Fixo? Não. Ei-lo em flor; — e em êxtases secretos
Dispersa-se em aroma, e voa nos insetos.
Enfim, por toda parte há íntimos palpites,
Ímpetos de romper barreiras e limites.
Fatal gravitação tolha-me embora os pés.
Hei de também subir dos mundos através,
Hei de também transpor os tempos e os espaços,
Na esperança de além colher-te nos meus braços,
A ti, que és para mim a força ascensional,
Oh Glória! — A aspiração! O porvir! O ideal!
Publicado no livro Fanfarras (1882). Poema integrante da série Flores Funestas.
In: DIAS, Teófilo. Poesias escolhidas. Sel. introd. e notas Antonio Candido. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 196
Há sempre o despontar de uma asa, que o suspenda.
Ascender! Ascender! — dizem todas as cousas,
As estrelas nos céus, os vermes sobre as lousas.
É o hino, que tudo, em sôfregos suspiros,
Canta: — férvida a fonte, em sinuosos giros,
Sobre pedras quebrando o trépido carinho,
A ave, inquieta e meiga, em volta do seu ninho,
O ninho sob o ramo, o ramo sob as flores,
As flores no perfume, — e a gruta nos vapores
Que em frouxas espirais às amplidões alteia.
A vida não se esgota, e vai perpetuamente
Do esboço às perfeições, harmônica, ascendente.
O imóvel não existe. A floresta pompeia
O luxo exuberante, a gala festival,
A verdura febril, do mundo vegetal.
Fixo? Não. Ei-lo em flor; — e em êxtases secretos
Dispersa-se em aroma, e voa nos insetos.
Enfim, por toda parte há íntimos palpites,
Ímpetos de romper barreiras e limites.
Fatal gravitação tolha-me embora os pés.
Hei de também subir dos mundos através,
Hei de também transpor os tempos e os espaços,
Na esperança de além colher-te nos meus braços,
A ti, que és para mim a força ascensional,
Oh Glória! — A aspiração! O porvir! O ideal!
Publicado no livro Fanfarras (1882). Poema integrante da série Flores Funestas.
In: DIAS, Teófilo. Poesias escolhidas. Sel. introd. e notas Antonio Candido. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 196
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