Álvares de Azevedo
Manuel Antônio Álvares de Azevedo foi um escritor da segunda geração romântica, contista, dramaturgo, poeta e ensaísta brasileiro, autor de Noite na Taverna.
1831-09-12 São Paulo, Brasil
1852-04-25 Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
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Cantiga
I
Em um castelo doirado
Dorme encantada donzela;
Nasceu — e vive dormindo
— Dorme tudo junto dela.
Adormeceu-a sonhando
Um feiticeiro condão,
E dormem no seio dela
As rosas do coração.
Dorme a lâmpada argentina
Defronte do leito seu:
Noite a noite a lua triste
Dorme pálida no céu.
Voam os sonhos errantes
Do leito sob o dossel,
E suspiram no alaúde
As notas do menestrel.
E no castelo, sozinha,
Dorme encantada donzela:
Nasceu — e vive dormindo
— Dorme tudo junto dela.
Dormem cheirosas abrindo
As roseiras em botão,
E dormem no seio dela
As rosas do coração!
II
A donzela adormecida
É a tua alma santinha,
Que não sonha nas saudades
E nos amores da minha
— Nos meus amores que velam
Debaixo do teu dossel,
E suspiram no alaúde
As notas do menestrel!
Acorda, minha donzela!
Foi-se a lua — eis a manhã
E nos céus da primavera
A aurora é tua irmã!
Abriram no vale as flores
Sorrindo na fresquidão:
Entre as rosas da campina
Abram-se as do coração.
Acorda, minha dozela,
Soltemos da infância o véu...
Se nós morremos, num beijo,
Acordaremos no céu!
Publicado no livro Poesias de Manuel Antônio Álvares de Azevedo (1853). Poema integrante da série Primeira Parte.
In: GRANDES poetas românticos do Brasil. Pref. e notas biogr. Antônio Soares Amora. Introd. Frederico José da Silva Ramos. São Paulo: LEP, 1959. v.
Em um castelo doirado
Dorme encantada donzela;
Nasceu — e vive dormindo
— Dorme tudo junto dela.
Adormeceu-a sonhando
Um feiticeiro condão,
E dormem no seio dela
As rosas do coração.
Dorme a lâmpada argentina
Defronte do leito seu:
Noite a noite a lua triste
Dorme pálida no céu.
Voam os sonhos errantes
Do leito sob o dossel,
E suspiram no alaúde
As notas do menestrel.
E no castelo, sozinha,
Dorme encantada donzela:
Nasceu — e vive dormindo
— Dorme tudo junto dela.
Dormem cheirosas abrindo
As roseiras em botão,
E dormem no seio dela
As rosas do coração!
II
A donzela adormecida
É a tua alma santinha,
Que não sonha nas saudades
E nos amores da minha
— Nos meus amores que velam
Debaixo do teu dossel,
E suspiram no alaúde
As notas do menestrel!
Acorda, minha donzela!
Foi-se a lua — eis a manhã
E nos céus da primavera
A aurora é tua irmã!
Abriram no vale as flores
Sorrindo na fresquidão:
Entre as rosas da campina
Abram-se as do coração.
Acorda, minha dozela,
Soltemos da infância o véu...
Se nós morremos, num beijo,
Acordaremos no céu!
Publicado no livro Poesias de Manuel Antônio Álvares de Azevedo (1853). Poema integrante da série Primeira Parte.
In: GRANDES poetas românticos do Brasil. Pref. e notas biogr. Antônio Soares Amora. Introd. Frederico José da Silva Ramos. São Paulo: LEP, 1959. v.
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