Sousa Caldas

José Sousa Caldas foi um escultor português.

1762-11-24 Rio de Janeiro
1814-03-02 Rio de Janeiro
11709
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Ode II [Oh! quanto és bela

Oh! quanto és bela
Vermelha rosa,
Tu me retratas
Nise formosa.

Lindo botão
Vejo a teu lado,
Qual junto a Vênus
O Filho alado.

Ele de Nise
Me pinta a cor,
E o seu amável
Terno pudor.

Verdes espinhos,
Para defesa,
Te pôs em torno
A Natureza.

Tal a Razão,
Sempre adorável,
De Nise cerca
O peito afável:

Nele se enlaça,
Bem como a hera,
E seus desejos
Rege severa.

Quando no meigo
Seio de Flora
o orvalho atrais
Da roxa Aurora,

Sobre as mais flores
Beleza ostentas:
Delas o cetro
Ter representas.

Ah! quantas vezes
Da espécie humana
Julguei ser Nise
A Soberana.

Tão gentil rosto
Jamais a Terra
Viu; nele a força
D'Amor se encerra.

Ó Flor mimosa,
Quero colher-te,
E no meu peito
Sempre trazer-te.

Mas ah! depressa
Tu murcharás,
E imagens tristes
Me lembrarás.

Já de horror sinto
Torvar-se o spr'ito,
E o coração
Bater-me aflito.

A minha Nise
Também da Morte
Há de sentir
O duro Corte!

Fazei-a, ó Céus,
Ou menos bela,
Ou nunca a Morte
Possa vencê-la!


Poema integrante da série Odes Anacreônticas.

In: CALDAS, Sousa. Obras poéticas: poesias sacras e profanas. Org. e notas Francisco de Borja Garção-Stockler. Paris: Of. de P.N. Rougeron, 1821. v.
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