Leminski's Wake

Wieger polak dwa bratanki
ido bytky ido szklanky.

Que o coro comportado
dos anjos fique à espera
de letras para a música
maçante das esferas,

pois, fígado blindado,
quem destilava ainda,
no cérebro, de um álcool
barato boa tinta

e cuja mão, de tanto
usar a pena, presto
voou, tornada pássaro,
levando junto o resto,

talvez depois do porre
final, quando o constrange
a lei seca da morte,
já na terceira margem

do riverrun, prefira
abstêmio que o recordem
mais como o agitador que
compõe palavras de ordem

p'ra o Solidariedade
do além-mundo. Celebre-o,
poema, erguendo um brinde
não fúnebre — funébrio.


In: ASCHER, Nelson. O sonho da razão. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993
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